WeWork é alvo de ação de despejo em prédio da Faria Lima

Proprietária alega que a empresa deixou de pagar alugueis entre junho e agosto em total de R$ 6,9 milhões

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A gestora de ativos imobiliários HBR Realty entrou com um pedido de despejo nesta segunda-feira contra a WeWork, alegando que a empresa deixou de pagar os alugueis vencidos entre 15 de junho e 15 de agosto de 2024, acumulando uma dívida de R$ 6,9 milhões. A HBR pediu ainda para que a WeWork desocupe o imóvel em até 15 dias. As duas companhias assinaram contrato de locação de imóvel em 29 de junho de 2018, que abrange do 1º ao 11º andar do Edifício Lead Corporate Faria Lima, na rua de mesmo nome.

No dia 26 de junho, segundo o documento protocolado na Justiça, a HBR enviou comunicado à WeWork para que quitasse a parcela em atraso naquele momento. No entanto, não teria havido resposta, o que motivou nova notificação no dia 16 de julho, que também teria sido ignorada, levando ao último comunicado, em 16 de agosto.

A WeWork também é acusada no processo de adotar postura “absolutamente contrária à boa-fé contratual”. Após a primeira notificação, a WeWork teria proposto uma reunião no dia 1º de agosto, enviando a consultora financeira Alvarez & Marsal como sua representante. Na reunião, a Alvarez & Marsal teria condicionado o pagamento dos alugueis atrasados à renegociação dos termos do contrato, incluindo a prorrogação do prazo para revisão do valor da locação e a isenção de penalidades.

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“Desde então, a WeWork, por meio da Alvarez & Marsal, contrariando a lógica e a boa-fé contratual, se limita a trocar mensagens de WhatsApp com os representantes da Locadora, sempre condicionando tratar sobre o pagamento da Dívida, que hoje soma quase R$ 7 milhões, à renegociação dos termos do Contrato de Locação”, diz a HBR no processo.

A HBR também pede que o contrato seja rescindido e que a WeWork seja condenada ao pagamento de todos os encargos decorrentes, como multa e custos processuais. Segundo a HBR, o atraso no pagamento dos alugueis é uma tática da WeWork para forçar a renegociação de contratos.

O GLOBO encontrou ao menos outros oito processos que tramitam no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) que envolvem pedidos de despejo por inadimplência contra a WeWork.

Um desses casos, similar ao da HBR, veio à público em agosto, quando a Rio Bravo Investimentos protocolou uma ação judicial de despejo contra a WeWork após três meses de inadimplência. A empresa não teria quitado os alugueis de maio, junho e julho de 2024, referente a um imóvel que pertence ao fundo imobiliário Rio Bravo Renda Corporativa.

Segundo a Rio Bravo, foram enviadas diversas notificações à WeWork. À época, as negociações com a Alvarez & Marsal também não resultaram em acordo. A proposta da empresa incluía, entre outros pontos, a redução dos valores de aluguel, o que foi imediatamente rejeitado pela Rio Bravo.

Procurada, a WeWork disse desconhecer qualquer notificação de despejo. A empresa segue operando normalmente em todos os prédios no Brasil. “Nossas ações temporárias têm o objetivo de acelerar as conversas para chegar a resoluções que sejam do melhor interesse de todo o nosso ecossistema, mutuamente benéficas e que estejam mais bem alinhadas com as condições atuais do mercado […] As negociações já estão resultando em acordos com locadores e seguimos comprometidos em prestar o excelente serviço que nossos membros esperam”, disse em nota.

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