O futuro presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, analisou os impactos econômicos da vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, destacando o aumento dos juros internacionais e suas consequências para países da América Latina e África.
Durante o painel “Nova arquitetura financeira global” no G20 Talks, no Rio de Janeiro, Galípolo explicou que as políticas anunciadas por Trump, como restrições à imigração e aumento de tarifas de importação, já influenciam a economia global. “Essas medidas elevaram o custo do trabalho nos EUA e pressionaram os preços, resultando em um aumento das taxas de juros”, afirmou.
Ele ressaltou que a expectativa anterior à vitória de Trump era de seis cortes na taxa básica de juros norte-americana, mas agora projeta-se apenas um ou dois cortes. “A taxa de juros de 10 anos subiu quase 1%”, observou.
Esse cenário encarece o financiamento internacional, afetando principalmente países em desenvolvimento. “Os juros globais são baseados nos juros americanos mais um adicional. Com os juros dos EUA mais altos, o custo financeiro aumenta para todos, especialmente para países latino-americanos e africanos”, disse Galípolo, sem citar exemplos específicos.
O economista defendeu que o Brasil use sua posição no G20 para pressionar por mudanças na arquitetura financeira global, apontando que os países mais afetados estão sendo penalizados por políticas externas às suas ações. “Estamos propondo rearranjos para corrigir essas distorções e reduzir a extração financeira imposta a essas nações”, explicou.
Mudanças climáticas agravam a situação
Galípolo também destacou que os mesmos países que enfrentam altos custos de crédito sofrem com os efeitos das mudanças climáticas. Ele citou o exemplo do Peru, onde a pesca, atividade econômica crucial, é vulnerável às alterações climáticas, e a Argentina, cuja safra agrícola caiu 40% devido a uma severa seca.
Segundo ele, essas vulnerabilidades reforçam a necessidade de uma nova abordagem global que integre questões financeiras e climáticas para proteger os países em desenvolvimento.
Fonte: CNN Brasil
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