
Em busca de preços mais acessíveis, os consumidores brasileiros têm mudado os hábitos de consumo. Houve uma queda de 7,5% na compra média de produtos de alto giro, ou seja, que têm rotatividade rápida nas prateleiras, no primeiro semestre deste ano. O item que mais sumiu da lista de compras foi o azeite, com baixa de 54,8%, segundo um levantamento da Neogrid e Opinion Box.
Para Anna Fercher, líder na Neogrid, a redução no consumo se deve ao aumento dos gastos na hora das compras. “Com a alta nos preços, o consumidor, além de levar menos itens, passou a optar por marcas mais baratas e até mesmo embalagens menores, o que pode justificar a redução no tíquete médio”, avalia.
O valor médio do litro de azeite aumentou 11,2%, passando de R$ 72,08, em janeiro, para R$ 80,20, em junho. No mês passado, os preços médios por unidade de 500 mililitros do tipo virgem e extravirgem estavam 19,8% e 16,2% maiores que no início do ano, respectivamente.
Além de azeite, carnes, legumes, verduras e frutas, leite, arroz, café, óleo e ovos aparecem no ranking dos produtos que têm sido menos comprados.
LISTA
Produtos com maiores baixas de redução de compras
– Azeite: – 54,8%
– Carnes: – 41,3%
– Legumes, verduras e frutas: – 24,4%
– Leite: – 24,4%
– Arroz: – 19,2%
– Café: – 18,1%
– Óleo: – 15%
– Ovos: – 9,8%
Fonte: Neogrid e Opinion Box
De acordo com a pesquisa “Hábitos de Compra no Varejo Alimentar”, que ouviu, de junho a julho, mais de 2 mil pessoas total ou parcialmente responsáveis pelas compras da casa, o preço é o fator mais importante na hora do consumo para 65% dos entrevistados. As promoções e os descontos apareceram em 64% das respostas. Já 62,9% apontaram que a qualidade dos produtos é um fator decisivo.
“A tendência é que o consumidor siga fazendo opções mais econômicas, seja optando por marcas mais acessíveis ou deixando de consumir produtos não essenciais com tanta frequência”, afirma Fercher.
Este é o caso da professora Dayane Medeiros, de 35 anos, que tem substituído marcas de produtos de limpeza, como sabão em pó e desinfetante, para driblar o aumento dos valores. “Eu uso estratégias como pegar uma quantidade menor de itens que subiram de preço ou trocar uma marca que costumo usar por outra mais barata”, conta.
Assim como Dayane, os consumidores brasileiros têm se adaptado às mudanças do poder de compra. A pesquisa aponta que 82% dos entrevistados deixaram algum item no supermercado por causa do valor, no primeiro semestre deste ano.
Aumento no consumo no atacado
Uma alternativa que os consumidores têm encontrado são os atacados e os atacarejos. Esses tipos de estabelecimentos foram visitados com mais frequência por 62,6% dos consumidores.
Robson Munhoz, diretor da Neogrid, avalia que o aumento do consumo no atacarejo depende do controle da inflação e do poder de compra.
“Se melhorar a renda e os preços dos atacarejos se mostrarem com pouca diferença, o consumidor vai preferir a conveniência e estruturas menores de compra e, daí, os supermercados terão ainda mais preferência. O destino dos atacarejos está ligado ao poder de compra, e esse poder de compra depende da economia, do controle de custos, inflação, emprego e renda”, avalia.
Mesmo com a maior presença de pessoas no atacado, os supermercados tradicionais se mantiveram como a principal opção. Eles foram o local de compra de 34,4% das pessoas. Logo depois, aparecem os atacados e atacarejos (30,1%), seguidos de hipermercados e grandes redes (24,3%). Outros 10,7% responderam frequentar mercados de bairro.
Compras online x presencial
Com relação à preferência por compras online ou presencial, o consumo segue equilibrado. Enquanto 51,1% das pessoas preferem adquirir produtos em lojas físicas, outros 48,9% optam por fazer algumas ou a maioria das aquisições digitalmente.
A pesquisa também apontou que 51% dos consumidores consideram que o uso de inteligência artificial poderia ajudar na identificação de preços mais justos. A grande maioria (95,8%) gostaria de mais transparência sobre os motivos do aumento dos preços.