A fabricante de computadores e equipamentos eletrônicos Hewlett Packard Enterprise (HPE) disse que pretende prosseguir com um pedido de indenização de US$ 4 bilhões em danos contra o espólio do magnata britânico da tecnologia, Mike Lynch, que morreu após seu superiate de luxo, o Bayesian, naufragar na costa da Sicília, na Itália.
A embarcação foi atingida por uma tromba d’água repentina e não conseguiu manter estabilidade.
A HPE venceu na Justiça britânica um caso relacionado ao colapso da Autonomy, empresa de software empresarial fundada por Lynch. Mas ainda aguarda que um juiz decida qual é o valor da causa.
Embora uma ação civil no Reino Unido automaticamente garanta que o caso seja transferido para o espólio de um réu em caso de morte, a perspectiva de manter a cobrança o provavelmente será extremamente impopular após a tragédia.
A confirmação, pela HPE, de que seguirá com a causa, ocorre pouco mais de uma semana após os corpos de Lynch, de 59 anos, e de , terem sido recuperados dos destroços do iate afundado.
“É intenção da HPE seguir com os procedimentos até sua conclusão”, disse a empresa em um comunicado nesta segunda-feira.
Procurado pela Bloomberg, um porta-voz da família de Lynch recusou-se a comentar.
Com fortuna avaliada em US$ 650 milhões (R$ 3,5 bilhões), nos últimos anos o empresário foi notícia principalmente pelo processo judicial em um caso relacionado à venda da Autonomy para o grupo americano HPE por US$ 11 bilhões (R$ 59,4 bilhões) em 2011.
Após um dos julgamentos mais longos e caros da história britânica, o juiz Robert Hildyard decidiu em 2022 que Lynch havia inflado fraudulentamente o valor da empresa.
“Um produto inovador e pioneiro, seu arquiteto e a empresa provavelmente sempre serão associados à fraude”, disse o juiz na decisão.
No total, a HPE cobrava US$ 4 bilhões de Lynch e de seu diretor financeiro, mas o juiz alertou que provavelmente receberia substancialmente menos do que isso.
A esposa de Lynch, Angela Bacares, e outras 14 pessoas foram resgatadas com vida. A outra filha de Lynch não estava a bordo do Bayesian.
Saiba como era o superiate de luxo que afundou
O barco, um veleiro de luxo com bandeira do Reino Unido, tinha 22 pessoas a bordo. Batizado de Bayesian, o iate, que havia partido de Roterdã e feito um cruzeiro pelas águas do Mediterrâneo, entrando pelo estreito de Gibraltar, estava ancorado em frente ao porto de Porticello, no golfo da cidade de Palermo. Passaria a noite lá após navegar durante o dia ao largo das costas de Cefalù.
‘Uma corrida para o desastre’:
O plano de seguir rumo às magníficas ilhas Eólias, foi interrompido no início da manhã de 19 de agosto, quando a embarcação navegava pela costa de Palermo, capital da Sicília, e foi atingido por uma forte tempestade, que provocou a tragédia.
Segundo sobreviventes, o grupo foi convidado pelo magnata Lynch, dono da embarcação, e saiu de Londres para fazer a travessia de barco na Sicília. Todos eram colegas e colaboradores da empresa de Lynch.
A embarcação, que levava a bordo 10 tripulantes e 12 passageiros de nacionalidades britânica, americana e canadense, era conhecido por ter um dos maiores mastros do mundo, feito de alumínio e com 75 metros de altura.
O superiate era oferecido para aluguel em seu site por até R$ 1,1 milhão por semana. Construído em 2008 pela empresa italiana Perini Navi, o barco podia acomodar 12 passageiros em quatro cabines duplas, uma tripla e uma suíte, além de ter acomodações para a tripulação.