O número de startups ligadas à tecnologia educacional cresceu 40% nos últimos 2 anos.
As cicratrizes deixadas pela pandemia da Covid-19 em grande parte da população mundial são profundas. Lembranças tristes, sofrimento, perdas… Mas o isolamento social, fundamental para estancar a propagação da doença, deixou marcas também na educação. Segundo o Mapeamento Edtech 2022, que acompanha o surgimento de startups especializadas em educação no Brasil, conduzido pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups), esse mercado cresceu mais de 40% em dois anos.
O número de edtechs, abreviação para “education technology” ou tecnologias educacionais, ativas no Brasil são mais de 800, sendo que 59% delas oferecem soluções para o ensino básico. E existem também ferramentas para desenvolver e estimular crianças que possuem ou não dificuldades de aprendizagem. Na 2ª edição do NordesteOn foi possível perceber a penetração que o tema tem hoje.
Entre as startpus selecionadas para expor sua experiência no maior encontro de inovação do Nordeste, esteve a Maeduca criada a partir da jornada pessoal do casal de Arapiraca (AL), Rafael de Melo, 30 anos, e Monique Assis, de 26. Diagnoticado como autista, o filho Álvaro, hoje com 11 anos, tinha várias dificuldades cognitivas, de linguagem e comunicação. Ao adotar técnicas do método montessoriano para auxiliar e desenvolver o filho, os pais testemunharam uma progressão excepcional da criança. Nascia aí o desejo de compartilhar a experiência com outras pessoas. “Nós compreendemos, como poucos, os desafios financeiros e emocionais enfrentados por muitos pais. Assim, diante dos resultados de Álvaro, decidimos criar um aplicativo totalmente gratuito para apoiar outros casais”, conta Rafael.
Por meio de relatórios detalhados gerados na plataforma, as famílias podem colaborar diretamente com os terapeutas, identificando as necessidades reais das crianças, o que resulta em estratégias terapêuticas mais eficientes e específicas, ajustadas não só ao tempo, mas também aos custos associados às terapias. “Além da economia financeira, os dados colhidos permitem que cada criança receba exatamente o suporte de que necessita, contribuindo para seu progresso e bem-estar de maneira significativa. Acreditamos que Maeduca se tornou um farol de esperança e assistência”, avalia Monique.
Gamificação
A gamificação dos conteúdos educacionais gera um estímulo extra para que a criança sinta seu próprio progresso e tenha mais autonomia no seu aprendizado. Foi apostando nesse conceito, que nasceu AranduLab, startup paraibana deTacima, cidade que fica no região do Curimataú, a 144 km de João Pessoa. A plataforma acelera o aprendizado no ensino fundamental utilizando atividades com gamificação, correção automática e conteúdos alinhados à Base Nacional Curricular (BNC).
Alisson Souza, criador da ferramenta, explica que a intenção é maximizar o aprendizado, aprimorar o nível de conhecimento educacional e oferecer diversão e engajamento para os estudantes. “Sou de uma família de professores, então, inicialmente fiz pensando em ajudar esses professores e alunos da minha cidade. E de repente outras cidades queriam utilizar a plataforma que faz o ensino ser divertido, atualizado’”, explicou Alisson.Com relatórios automáticos, os dados rápidos auxiliam na avaliação do progresso dos alunos e ainda é possível acessar uma biblioteca virtual com material digital e interativo.
Alisson revela que, em tupi-guarani, ‘Arandu’ significa sabedoria. Portanto, a ferramenta foi batizada em português como ‘laboratório de sabedoria’ e passou pelo crivo de outros cinco mil empresas, sendo selecionada para participar do Startup Summit 2024, que acontece em Florianópolis em agosto. O evento contará com mais de 200 palestrantes e público estimado em 10 mil pessoas , reunindo startups, investidores e formadores de opinião e tendências do mercado nacional e internacional.