“Se queres ser universal, começa a pintar a tua aldeia”

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Mulheres do Memorial Casa da Farinha
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Avança na Câmara dos Deputados a votação de Projeto de Lei para a criação da Política Nacional de Incentivo ao Turismo Rural. Foi aprovada na Comissão de Agricultura e, agora, seguirá para as Comissões de Constituição e Justiça e também Turismo. Como ressaltamos no artigo anterior, o turismo de experiência – aquele onde o turista observa e até participa da realidade local já vinha crescendo no mundo todo, mas intensificou especialmente após a pandemia de Covid19. O turista quer, cada vez mais, estar incluído e vivenciar culturas, muito além do contemplativo.

O turismo de experiência é mais presente no turismo praticado nas zonas rurais. Há muito tempo que empreendedores do campo em todo o mundo perceberam que o que eles têm no cotidiano de suas vidas, seus modos de produção, produtos, gastronomia, vivências culturais, tudo desperta interesse das pessoas que vivem nas cidades. Assim surgiram roteiros para observação e interação com animais silvestres, vivências em aldeias indígenas, colheitas de uva nas vinícolas, colheita de azeitonas para azeite, uma noite dormindo num iglu, trilhas na mata, entre tantas outras atividades dos rurais que o turista participa não esquece nunca mais.

O turismo rural de experiência é uma indústria cujo investimento é pequeno em comparação ao retorno oferecido e preserva a essência das comunidades e o meio ambiente. Fortificar a territorialidade é fundamental em diversos aspectos de manutenção da cultura, gastronomia, evitar o êxodo rural. O que eu quero ver nos lugares que visito? O que eles têm de mais típico, de mais deles, de mais próprio. Muitos pensadores já alertaram que “Se queres ser universal, começa a pintar a tua aldeia”, frase do famoso escritor russo Leon Tolstói.

Em todos os lugares do mundo existe algo interessante a mostrar, e, na Paraíba, também podemos oferecer várias experiências incríveis no turismo rural. Fazer o Caminho das Ararunas, no Curimataú, passando por matas e cachoeiras e dormindo em casas de moradores pode ser algo transformador. Fazer farinha na comunidade de Veneza, em Pilões, no brejo, cantando junto com as mulheres da comunidade, observando a transformação da mandioca em todas as etapas e depois, tomar um café com beiju e tapiocas coloridas naturalmente, recheadas com um creme de rapadura, queijo e banana, criado por elas.  

Caminho das Ararunas

Esperemos que a Política Nacional de Incentivo ao Turismo Rural, que vem com o objetivo de fortalecer empreendimentos turísticos de base familiar e comunitária no meio rural, realmente promova melhores condições de vida no campo e a utilização sustentável da cultura e dos recursos naturais. Cabe os estados e municípios estarem preparados com o inventário de suas potencialidades e necessidades, e as comunidades, saberem como podem acrescentar mais experiência sem perder a essência.

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Rosa Aguiar
Rosa Aguiar é jornalista com graduação em Comunicação Social pela UFPB, especialização em Redação Jornalística pela Universidade Potiguar e Mestrado em Jornalismo Profissional pela UFPB.