Quem é o discreto ricaço que vai substituir Warren Buffett no comando da Berkshire?

Acostumado a viver longe dos holofotes, Greg Abel foi indicado para comandar um dos maiores conglomerados do planeta

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Greg Abel at Berkshire's annual meeting in Omaha, Nebraska, in 2017 — Foto: Bloomberg
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Greg Abel, de 62 anos, construiu um dos maiores negócios de energia dos EUA sob a orientação de Warren Buffett. Agora, ele tentará ocupar o lugar do investidor mais famoso do mundo. Durante o , Buffett, de 94 anos, disse que recomendaria ao conselho de administração que Abel se tornasse o novo CEO da no final do ano. A proposta será discutida na reunião do conselho marcada para domingo, segundo ele.

“O momento chegou”, declarou Buffett ao final da sessão de perguntas e respostas da reunião. Segundo ele, Abel não sabia que o anúncio seria feito.

Abel será o primeiro novo CEO da Berkshire desde que Buffett assumiu o cargo em 1970, e sua promoção concretiza um plano revelado anos atrás.

Abel comandará um conglomerado com mais de 390 mil funcionários, em negócios que vão desde seguradoras e fabricantes até uma das maiores ferrovias dos EUA. Buffett construiu esse portfólio ao longo de décadas de aquisições.

Com uma reserva de caixa de US$ 347,7 bilhões, Abel — um dos gestores mais inclinados a aquisições dentro da empresa — poderá imprimir sua marca na companhia sediada em Omaha, Nebraska, por meio de novas compras e investimentos. Ele afirmou no sábado, antes do anúncio, que a filosofia de investimento da empresa não mudará sob sua liderança.

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Na reunião anual de 2021, Charlie Munger deixou escapar que Abel garantiria a preservação da cultura da Berkshire nos próximos anos. Buffett depois confirmou que ele era o principal candidato à sucessão como CEO.

Abel já havia assumido um papel mais amplo na empresa com uma promoção em 2018, que lhe deu a responsabilidade de supervisionar os negócios não relacionados a seguros da Berkshire — de empresas como a ferrovia BNSF à rede de fast food Dairy Queen.

A promoção mais recente reflete uma mudança que Buffett iniciou na fase final de sua carreira. Ao comprar empresas como concessionárias de energia e a BNSF, ele ofereceu a seu sucessor uma forma de reinvestir em projetos com retornos regulares. Também reduziu a dependência da Berkshire em seguros e na escolha de ações — atividades que impulsionaram o crescimento da companhia por décadas.

Um dos homens mais ricos do mundo, Buffett resumiu em 2006 sua lógica para investir em empresas de energia: “Não é uma maneira de ficar rico. É uma maneira de permanecer rico.”

Gasodutos e concessionárias

Abel ajudou a executar essa estratégia. Sua habilidade operacional e seu faro para negócios transformaram a Berkshire Hathaway Energy — unidade que ele comandou por muitos anos — em uma das maiores empresas do império de Buffett.

A companhia opera gasodutos naturais que vão dos Grandes Lagos ao Texas, e concessionárias de energia elétrica que fornecem luz em estados como Iowa e Nevada. Também é uma das maiores produtoras de energia eólica e solar dos EUA.

A promoção vai remodelar os cargos de topo da Berkshire. Abel trabalhava ao lado de Ajit Jain, responsável pelas seguradoras da empresa, desde que ambos foram nomeados vice-presidentes.

Natural de Edmonton, Abel foi um ávido jogador de hóquei na juventude. Seu tio, Sid Abel, jogou na National Hockey League pelo Detroit Red Wings ao lado de Gordie Howe e Ted Lindsay — trio conhecido como “Production Line”.

Formado em Comércio pela Universidade de Alberta, Abel começou sua carreira como contador. Depois de uma passagem pela PricewaterhouseCoopers em San Francisco, assumiu em 1992 o cargo de controlador da CalEnergy, empresa de energia geotérmica.

Longe dos holofotes

Assumir o comando de uma das maiores empresas do mundo será uma mudança significativa para Abel, que geralmente evita os holofotes. Ele e Jain responderam a perguntas de acionistas em algumas reuniões anuais e estavam presentes na reunião deste sábado — uma rara chance para investidores observarem os dois em ação.

Buffett, por outro lado, sempre se mostrou confortável na vida pública: concedia entrevistas com frequência, posava com líderes de torcida para promover a linha de roupas da Berkshire e aconselhava políticos como o ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger e o ex-presidente Barack Obama.

O bilionário também atraía dezenas de milhares de acionistas às reuniões anuais da Berkshire, nas quais compartilhava suas ideias sobre governança corporativa, investimentos e política.

Buffett usava esses encontros e suas cartas anuais para celebrar os valores que desejava ver perpetuados na Berkshire, como o foco na criação de riqueza de longo prazo em vez dos resultados trimestrais.

Ele destacava o compromisso de manter permanentemente as empresas adquiridas e a crença de que, apesar de crises e recessões, os EUA continuariam oferecendo oportunidades excepcionais para os negócios.

“Perguntam-me com frequência: ‘Qual é a melhor coisa em trabalhar com Warren?’”, contou Abel em um evento do setor elétrico em 2014, ao lado de Buffett. “É o otimismo. Está sempre presente. Você acredita na América. Acredita em para onde estamos indo. E isso é uma característica extraordinária.”

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