Os incêndios recentes nos canaviais do estado de São Paulo não deverão afetar os preços finais de açúcar e etanol para o consumidor, de acordo com analistas consultados pela CNN. Segundo esses especialistas, o impacto será sentido principalmente pelos importadores.
Na segunda-feira, 26, o açúcar bruto fechou em alta de 3,5%, a US$ 0,19 por libra-peso, atingindo um pico para o mês. As queimadas levaram investidores a cobrir parte de suas posições vendidas em futuros da commodity em Nova York. Nesta terça-feira (27), por volta das 14h20, os contratos futuros do açúcar bruto apresentavam alta de 2,36%.
A Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) estimou os prejuízos dos incêndios em R$ 350 milhões somente no estado de São Paulo.
Arnaldo Archer, diretor executivo da Archer Consulting, afirmou que os incêndios não afetaram a demanda para o consumidor final devido ao volume de produção em comparação com o consumo interno de açúcar. “A produção é muito maior do que o consumo, que representa cerca de 25% da produção total. Apenas 7,5% desse consumo é comercializado no dia a dia, o que é muito pouco para impactar os preços”, explicou.
Archer destacou que as queimadas afetaram aproximadamente 0,7% da produção do centro-sul do Brasil, da qual São Paulo faz parte. Com uma produção estimada de 605 milhões de toneladas anuais, o impacto na disponibilidade do produto não é significativo.
No entanto, medidas para compensar os prejuízos nos canaviais podem causar aumentos marginais e pontuais no preço do açúcar. André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), afirmou que esse seria o principal motivo para um possível aumento nos preços. “Podemos ver um aumento não planejado nos custos finais devido a medidas para mitigar a falta de produção das áreas afetadas. Custos logísticos ou aumentos em regiões com oferta desviada podem influenciar o preço”, disse Braz.
Além disso, a seca severa que afeta 16 estados brasileiros, a pior em 44 anos, pode ter um impacto mais significativo nos preços da cana-de-açúcar do que os incêndios. “A seca pode ter um impacto até 10 vezes maior do que as queimadas. Uma redução na disponibilidade de açúcar de 7% pode afetar os preços tanto para o consumidor quanto para o importador no médio e longo prazo”, afirmou Archer.
Os cinco maiores produtores de cana-de-açúcar do país – São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná – estão entre os estados enfrentando seca severa.
Fonte: CNN Brasil