Pesquisadores publicaram novos resultados do primeiro trabalho de campo arqueológico realizado na Estação Espacial Internacional (ISS), destacando a maneira como a tripulação adapta o ambiente em microgravidade para atender às suas necessidades diárias. A análise faz parte do experimento SQuARE, conduzido por uma equipe de arqueólogos, e foi publicada na revista PLOS ONE.
A ISS, que é o primeiro assentamento humano permanente no espaço, apresenta uma paisagem cultural rica, onde os astronautas criam sua própria “gravidade” utilizando tecnologias simples, como velcro e sacos plásticos, para manter objetos fixos em um ambiente sem gravidade natural. Cerca de 280 pessoas visitaram a estação nos últimos 23 anos.
Durante o experimento, a tripulação da ISS foi solicitada a estabelecer cinco áreas de amostra dentro da estação. Elas foram escolhidas para abranger diferentes zonas de trabalho, ciência, exercício e lazer. Durante 60 dias, os astronautas documentaram diariamente o uso e a organização dos objetos nesses espaços.
Os dados preliminares mostram que a tripulação adapta os espaços da ISS de maneiras inesperadas. Por exemplo, uma área originalmente destinada à manutenção de equipamentos foi utilizada principalmente para armazenamento improvisado. Outro local, próximo aos aparelhos de ginástica e ao banheiro, foi utilizado para guardar itens pessoais de higiene em um espaço público, revelando a falta de privacidade e as adaptações necessárias para lidar com isso.
Os pesquisadores concluem que esses insights podem ser valiosos para o design de futuras estações espaciais, sugerindo que o armazenamento e a privacidade devem ser prioridades em futuras construções orbitais, como as estações comerciais planejadas para a órbita baixa da Terra e a estação Gateway, que está sendo desenvolvida para a órbita lunar.
A ISS está prevista para ser desativada em 2031, e este estudo pode representar uma das últimas oportunidades para coletar dados arqueológicos sobre a vida na estação.
Redação com informações da BBC News Brasil