O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, afirmou nesse sábado, 24, que a volatilidade recente dos mercados pode indicar uma precificação reduzida para futuras intervenções fiscais e monetárias. Durante sua participação na conferência econômica anual do Federal Reserve de Kansas City, em Jackson Hole, Wyoming, Campos Neto destacou a crescente dificuldade em discutir transmissões monetárias sem abordar questões fiscais.
Em suas declarações, Campos Neto observou que, no Brasil, 50 milhões de pessoas dependem de programas governamentais para obter renda, comparado a 43 milhões de empregados e empresários. Ele sugeriu a necessidade de uma análise mais precisa da eficiência desses programas, especialmente em países emergentes, e alertou para os impactos potenciais na dívida pública.
O presidente do Banco Central também mencionou que a desaceleração da economia chinesa pode afetar o Brasil, especialmente através de mudanças nos termos de troca ou na redução dos preços de importação de produtos chineses, embora o impacto total dependa da extensão dessa desaceleração.
As observações de Campos Neto foram feitas no contexto de um painel sobre transmissão monetária, que discute como as variações nas taxas de juros influenciam a atividade econômica. Ele enfatizou que, apesar dos esforços recentes de comunicação do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central permanece focado em todas as opções para a próxima decisão de política monetária, programada para os dias 17 e 18 de setembro.
Em julho, o Copom manteve a taxa de juros em 10,5% pela segunda vez consecutiva, endurecendo a retórica ao destacar a necessidade de maior cautela no monitoramento dos fatores que influenciam a inflação, que atingiu 4,5% em julho, afastando-se da meta oficial de 3%. O mercado atualmente prevê uma alta dos juros na próxima reunião, com mais de 80% de chance, enquanto o Federal Reserve dos Estados Unidos se prepara para um possível afrouxamento monetário.