O CEO da Gol, Celso Ferrer, disse que a turbulência nos mercados provocada pelo anúncio das tarifas americanas no início de abril impactou o cronograma do Chapter 11 – processo equivalente à recuperação judicial no Brasil — da empresa. O executivo afirmou também estar preocupado sobre potenciais impactos do ‘tarifaço’ na indústria aeronáutica, já que a maioria dos componentes usados nas aeronaves são importados.
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Em comunicado a investidores nesta terça-feira, a Gol anunciou a prorrogação do prazo para a apresentação de propostas de financiamento no âmbito do Chapter 11 do dia 19 de abril para 15 de maio. A medida, segundo o documento, foi tomada após recomendação da Seabury Securities LLC, banco de investimentos que assessora a companhia. Segundo Ferrer, a Gol já assegurou US$ 1,25 bilhão dos US$ 1,87 bilhão necessários.
— A gente está trabalhando para fechar esse valor. A gente encontrou, a partir do dia 2 de abril, um mercado muito volátil […]. A volatilidade acaba impactando tanto o câmbio, na questão Brasil, mas também o preço dos ativos. A precificação do bond de uma companhia aérea, da dívida da companhia aérea, é o que ela é, mas também como ela está em termos relativos aos outros […] A gente fez essa atualização agora, dizendo que, antes do dia 15 de maio teremos um novo deadline (novo prazo para compromissos vinculantes). Acontecendo tudo nesse prazo, não vejo mudança (no prazo) da nossa saída do Chapter 11 — disse a jornalistas durante visita ao Centro de Manutenção de Aeronaves da Gol, em Belo Horizonte (MG).
Ferrer explicou que o cronograma inicial para a conclusão do Chapter 11, até junho, deve ser mantido ou até mesmo antecipado. A Seabury informará aos investidores um novo prazo para a conclusão dos compromissos firmados no processo de recuperação judicial até o dia 15 de maio.
O executivo destacou, no entanto, que o processo não segue um cronograma rígido e que o prazo inicial estimado, de 12 a 18 meses, é considerado acelerado. Segundo ele, a companhia já conversa com todos os potenciais investidores desde outubro.
Ferrer disse não ter informações sobre como as tarifas anunciadas devem impactar a indústria aeronáutica, mas lembrou que há poucos componentes importantes fabricados atualmente no Brasil.
— Questões da Boeing, Embraer, fabricantes de aeronaves, me preocupam muito. A única coisa que eu posso falar é que me preocupa, não só pelo avião em si, mas tudo que está a bordo é parte de uma cadeia global de fornecimento. Cada parafuso aeronáutico aqui tem pouquíssimas coisas que vocês vão ver hoje que são fabricadas aqui no Brasil.
Já sobre o memorando de entendimentos assinado entre a dona da Azul e a dona da Gol, a Abra, Ferrer afirmou que a prioridade, neste momento, é concluir a reestruturação da empresa, o que depende da concretização do financiamento de saída.
— A Abra deu publicidade a esse memorando para deixar claro ao mercado que não há possibilidade de qualquer movimentação envolvendo Azul e Gol enquanto a Gol estiver no Chapter 11. Por quê? Porque poderia haver especulação, por exemplo, de que o Exit Finance (financiamento de saída) só sairia se já houvesse uma empresa combinada. O plano precisa ter vida própria, independente de qualquer fusão.
Ferrer também comentou reportagens que apontam aumento de preços e redução de voos após o acordo de codeshare — compartilhamento de voos — com a Azul. Segundo ele, o acordo abrange apenas rotas não sobrepostas. Ele acrescentou que o codeshare representa hoje menos de 1% da receita da Gol e que seu objetivo é impulsionar o tráfego, não limitar a concorrência.
— A Gol é um canal a mais de venda para aquele voo da Azul. Eu não vejo como ter relação de causa e consequência do preço com o codeshare. Não vejo causa e consequência de preço com o codeshare.
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