Possível aumento da Selic desafia varejo e preocupa com impactos no consumo

Impacto esperado seria mais acentuado na compra de bens duráveis, como carros, eletrodomésticos, eletrônicos e móveis, que dependem fortemente de crédito

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Compra de bens duráveis — como carros, eletrodomésticos, eletrônicos e móveis — será, principalmente, a que encontrará maior arrefecimento (Foto: Reprodução / Pixabay)
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O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou que um aumento na taxa Selic está entre as opções avaliadas pelo Banco Central para alcançar a meta de inflação estabelecida pelo governo. Essa possibilidade preocupa agentes do varejo, que temem um impacto negativo no consumo, especialmente durante o período das vendas de Natal.

Atualmente, a taxa Selic está em 10,5% ao ano, após o Comitê de Política Monetária (Copom) manter a taxa inalterada por dois encontros consecutivos. A decisão de manter a Selic no atual patamar reflete a avaliação unânime dos membros do Copom sobre a necessidade de cautela diante do cenário econômico.

Claudio Felisoni, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), destaca que, embora a taxa de juros ao comércio tenha caído nos últimos 12 meses, a situação econômica continua delicada devido à falta de disciplina fiscal. Ele afirma que uma ação mais firme do Banco Central, com um possível aumento da Selic, seria necessária para conter a inflação. No entanto, essa medida pode afetar negativamente o consumo, especialmente em um período sazonal como o Natal.

O impacto esperado seria mais acentuado na compra de bens duráveis, como carros, eletrodomésticos, eletrônicos e móveis, que dependem fortemente de crédito. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) prevê um possível aumento de 0,5 ponto percentual na Selic, o que encareceria o crédito e dificultaria o acesso dos consumidores.

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), calculada pela CNC, já apresentou queda pelo segundo mês consecutivo em agosto. Felipe Tavares, economista-chefe da entidade, alerta que o cenário atual, marcado por desequilíbrio fiscal, pode tornar o Natal mais desafiador para o varejo. Ele afirma que o aumento dos juros não resolveria a inflação, pois o problema não está no descontrole da demanda, mas sim nas condições fiscais. Segundo Tavares, o varejo será o setor mais prejudicado.

Por outro lado, a FecomercioSP acredita que a Selic deve permanecer no atual patamar até o final do ano, dado o controle da inflação. Guilherme Dietze, assessor da entidade, argumenta que não há fatores suficientes para exigir um aumento da taxa, embora também não haja espaço para uma redução. Ele sugere que, mesmo com um aumento de juros, o impacto seria pequeno, já que as taxas no Brasil já são elevadas.

O Banco Central segue monitorando o cenário econômico para decidir os próximos passos em sua política monetária, com o objetivo de equilibrar a inflação e o crescimento econômico, enquanto o varejo se prepara para um final de ano desafiador.

Redação com informações da CNN Brasil

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