Varejista informou R$ 352 milhões em dívidas e já contava com proteção contra execuções desde o dia 3 de abril
Cerca de um mês após solicitar, a Polishop apresentou pedido de recuperação judicial na 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central da Comarca de São Paulo, que ainda não foi analisado.
A empresa havia entrado com um pedido cautelar preparatório, concebido integralmente no mesmo dia. Essa é forma de antecipar medidas que seriam implementadas durante o processo de reestruturação. Desde então, os credores foram impedidos de executar dívidas e despejos, além de penhoras e arresto de bens.
Companhias que haviam suspendido serviços para a varejista tiveram apenas 24 horas para retomar restabelecer o funcionamento. Além disso, credores ficaram proibidos de executar cláusulas de contrato que estabelecem vencimento antecipado de dívida por descumprimento de obrigações.
Desde o pedido da tutela até o requerimento de recuperação judicial, mais de dez lojas foram fechadas e aproximadamente 100 funcionários foram demitidos. A empresa alega não ter conseguido negociar uma solução junto aos credores.
Nos últimos dois anos foram fechadas 210 lojas, com a demissão de 2 mil funcionários. Atualmente, são apenas 70 estabelecimentos presenciais. A Polishop informou R$ 352 milhões em dívidas no pedido de reestruturação.
Em entrevista à coluna Capital, do GLOBO, o fundador da Polishop, João Appolinário, mencionou que a empresa ainda estava lidando com problemas decorrentes da pandemia, fora o encolhimento na concessão de financiamento para o varejo depois da crise das Americanas. No entanto, demonstrou confiança na recuperação da empresa.
— Talvez meu erro tenha sido preservar as nossas lojas e empregos por tanto tempo. Mas me comprometi a não demitir na pandemia. E achei que os shoppings voltariam mais rápido. Não voltaram e os alugueis subiram 64% pelo IGPM desde 2019. A conta ficou insustentável — disse no mês passado.
Na mesma conversa, Appolinário contou que aportou R$ 70 milhões na empresa para honrar dívidas não recorrentes e reduzir o endividamento, que chegou a R$ 300 milhões. A ideia da apresentação da medida cautelar era evitar um processo de recuperação judicial, negociando os termos do plano diretamente com os credores.