
Antes mesmo de o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar um tarifaço sobre todas as importações do país, no início de abril, a economia americana já começou 2025 em retração. O Produto Interno Bruto (PIB, o valor de todos os produtos e serviços produzidos) do país caiu 0,3% no primeiro trimestre, ante os três meses anteriores, informou nesta quarta-feira o Escritório de Análise Econômica (BEA, na sigla em inglês).
O resultado considera a taxa anualizada, metodologia diferente da usada pelo IBGE no Brasil. No último trimestre de 2024, o PIB americano havia avançado 2,4%, também em termos anualizados.
O resultado veio bem abaixo do esperado por analistas de mercado. A pesquisa mais recente da agência Bloomberg sobre as projeções econômicas apontava para um avanço de 0,5%, na taxa anualizada no primeiro trimestre.
De acordo com o BEA, o recuo aconteceu porque houve aumento de importações e menos gastos do governo. As importações pesam negativamente no cálculo do PIB.
O resultado só não foi pior porque houve alta dos investimentos, das exportações e do consumo das famílias, embora o apetite por compras dos americanos tenha desacelerado.
Embora a elevação generalizada das tarifas de importação não estivesse plenamente implementada nos três primeiros meses do ano, as intenções de Trump de dar uma guinada na política de comércio exterior dos EUA já fez algum efeito. E já há sinais de recessão à vista, segundo alguns economistas.
Em março, o déficit comercial dos EUA saltou 9,6% ante fevereiro, para US$ 162 bilhões, segundo o Departamento de Comércio americano.
O avanço de 5% nas importações, para US$ 342,7 bilhões em março, puxado por bens de consumo, o que pode em parte ser explicado por antecipações de empresas que correram para fazer suas compras no exterior antes que as taxas mais elevadas passassem a valer nos EUA.
Ano passado, a economia dos EUA cresceu 2,8%. Após o anúncio do tarifaço de Trump, economistas do mundo todo correram para revisar para baixo suas projeções para o crescimento de 2025.
A pesquisa de abril da Bloomberg sobre as projeções de analistas de mercado apontou para um crescimento esperado de 1,4% este ano, a metade de 2024. Na edição de janeiro do levantamento, as projeções estavam em 2,2%.