Após anos de intensa competição, Petz e Cobasi formalizaram a fusão de suas operações na sexta-feira, 16 de agosto, resultando em um aumento de quase 20% nas ações da Petz na B3. Agora, unidas, as duas empresas identificaram um novo desafio: os marketplaces.
O acordo prevê a formação de uma plataforma pet nacional com presença em mais de 140 cidades e 494 lojas. A nova companhia, que terá Paulo Nassar da Cobasi como CEO e Sergio Zimerman da Petz como presidente do conselho de administração, inicia suas atividades com uma receita estimada de quase R$ 7 bilhões, Ebitda de R$ 464 milhões e uma participação de mercado de aproximadamente 11%, com base em 2023.
Com o tamanho e o alcance da nova entidade, surgiram questionamentos sobre possíveis impactos na concorrência, com algumas vozes defendendo que a fusão deveria ser vetada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).
Sergio Zimerman, CEO da Petz, argumenta que o crescimento dos marketplaces nos últimos anos, que tem afetado diversos segmentos do varejo, incluindo produtos para animais de estimação, alterou completamente a dinâmica do setor. Ele vê a fusão com a Cobasi como crucial para enfrentar a nova realidade competitiva e evitar perdas de margem.
“O mercado está mudando rapidamente com a presença de marketplaces não especializados. Estamos nos fortalecendo para competir com eles, já que estamos disputando com milhares de pet shops associados aos marketplaces”, afirmou Zimerman em teleconferência sobre a fusão e os resultados do segundo trimestre. “Se o CADE compreender o propósito da união, a aprovação ocorrerá em uma semana.”
Zimerman, que estava sozinho na teleconferência sem a presença da equipe da Cobasi, refutou a ideia de que a fusão levará a um controle de mercado ou a práticas de precificação prejudiciais. Ele ressaltou que, no ambiente atual, qualquer erro em precificação pode resultar na perda de clientes para concorrentes online.
Ele acrescentou que as sinergias geradas pela racionalização das operações, que incluem desde a revisão das expansões das lojas até a evolução das estratégias de produtos e planos de assinatura, permitirão uma precificação competitiva tanto online quanto física, sem perda de rentabilidade.
As empresas estimam que as sinergias podem gerar um acréscimo de R$ 220 milhões a R$ 330 milhões no Ebitda anual, com cerca de 85% desses ganhos esperados para os próximos três anos, começando em 2025. A consultoria McKinsey auxiliará na determinação dos ganhos finais e medidas de eficiência.
Além da questão dos preços, Zimerman destacou que a flexibilidade da nova empresa permitirá fortalecer os serviços, um diferencial importante para atrair clientes e aumentar o fluxo para as lojas.
Aline Penna, CFO da Petz, informou que a operação será protocolada no CADE nas próximas semanas, com a expectativa de seguir um rito ordinário que pode levar entre seis e oito meses para aprovação, prevista para 2025. “A captura das sinergias deve começar em algum momento de 2025, possivelmente no segundo semestre”, acrescentou.
Desde a assinatura do memorando de entendimento em abril, a fusão sofreu algumas modificações. Agora, os acionistas da Petz deterão 52,6% da nova empresa, enquanto os da Cobasi terão 47,4%. Os acionistas da Petz também reduziram o valor em dinheiro de R$ 450 milhões para R$ 400 milhões. Desse montante, R$ 270 milhões serão pagos no fechamento da transação e R$ 130 milhões serão distribuídos por dividendos extraordinários.
Além de ter um membro a mais no conselho de administração, que terá nove membros, a Cobasi irá incorporar a Petz e será listada na Bolsa no Novo Mercado. Após a transação, Zimerman terá 16,5% da nova empresa, chegando a 24,9% com instrumentos financeiros derivativos. A família Nassar da Cobasi terá 42,6% e a Kinea ficará com 3,7%, com o free float sendo de 36,1%. Em 2024, as ações da Petz acumularam uma alta de 10,1%, elevando o valor de mercado para R$ 1,9 bilhão.
Fonte: Neofeed