O preço do barril de petróleo atingiu o maior valor dos últimos dois meses, com uma alta de mais de 12% desde junho. Nesta quarta-feira (3), o Brent, referência no mercado, foi comercializado a US$ 86,83 (R$ 488,95), refletindo a preocupação dos investidores com o aumento das tensões no Oriente Médio.
Desde o início de junho, o preço do barril aumentou mais de US$ 10. O petróleo West Texas Intermediate também chegou a ultrapassar os US$ 83, antes de cair.
Analistas da Energy Aspects esperam que as refinarias retirem mais de 2 milhões de barris por dia dos estoques no terceiro trimestre para aumentar a produção. Isso reverteria completamente a acumulação de estoques do primeiro semestre do ano. Nesta quarta-feira, a Administração de Informação de Energia dos EUA deve divulgar um novo relatório sobre os estoques.
A demanda por gasolina nos EUA deve aumentar significativamente durante o verão local (inverno no Brasil). A Associação Automotiva dos EUA prevê um aumento de 5,2% nas viagens durante o período de férias, em comparação com o mesmo período do ano passado, com os deslocamentos de carro devendo crescer 4,8%.
Além disso, os suprimentos de petróleo também se tornaram mais escassos. “Já em junho, as exportações da Opep+ estão significativamente mais baixas, lideradas pelos países do Golfo e pelo Iraque. Isso se deve, em parte, à queima de petróleo bruto durante a atual onda de calor no Oriente Médio”, afirmou a Energy Aspects, referindo-se ao aumento da demanda por energia devido ao maior uso de ar condicionado.
O preço do petróleo caiu acentuadamente no início de junho, após os membros da Opep+ anunciarem que tentariam gradualmente reintroduzir 2,2 milhões de barris de produção cortada ao mercado, a partir de setembro.
Após fortes vendas, o cartel do petróleo divulgou um vídeo em 5 de junho, mostrando um briefing com analistas em que o príncipe Abdulaziz bin Salman, ministro do petróleo da Arábia Saudita, garantiu que os membros aumentariam a produção apenas conforme as condições do mercado.
Defasagem no preço da gasolina
Desde que Lula foi eleito, a estatal adotou uma política de preços mais nacionalista. Agora, quando o petróleo fica mais caro no exterior, essa variação não é mais repassada imediatamente às refinarias e postos no Brasil.
Na prática, como o Brasil importa petróleo refinado, quando o preço do barril sobe no mercado global, os preços aqui ficam defasados. Por exemplo, atualmente, o preço da gasolina está mais de 20% abaixo dos valores no exterior.
O problema é que essa defasagem muitas vezes significa que os preços dos combustíveis estão sendo mantidos artificialmente baixos, o que pode levar a Petrobras a acumular prejuízos.