Empresas oportunistas já mudaram e mudarão o discurso e as atitudes, mas mesmo em território estadunidense serão muitas as empresas que se posicionarão de maneira ainda mais firme em prol de um modelo de gestão alinhado às práticas ESG.
A Europa e a China nunca foram e nunca serão subservientes aos Estados Unidos, principalmente nesta fase Trumpista. O avanço de práticas ESG e o movimento crescente de ações conjuntas pelo clima não serão interrompidos, até porque, infelizmente, os eventos climáticos extremos continuarão a ocorrer e jogarão na cara de todos a urgência de se moverem juntos.
Eu acredito no amadurecimento e na adaptação, com soluções práticas emergindo, com abordagens mais realistas e sustentáveis. O impacto ao longo do tempo será mais amplo e consistente. Nós sempre soubemos que ESG é uma jornada, uma ultramaratona e não uma corrida de cem metros.
Aqui no Brasil, a Natura e a Vivo já se posicionaram reforçando seus compromissos com a sustentabilidade e muitas outras seguirão o mesmo caminho.
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Seguirão porque sabem que pesquisas de diversos institutos comprovam que os consumidores brasileiros, majoritariamente, reconhecem mais e preferem comprar de marcas comprometidas com questões socioambientais.
Destaco que o Brasil ganhará ainda mais importância nos próximos anos como um ponto focal para boas práticas ESG e oportunidades de negócio imensuráveis. O mundo precisará cada vez mais de energia e nós somos o berço da energia renovável, com múltiplas fontes limpas, uma matriz inigualável. O nosso agro tão poderoso terá o desafio de evoluir e a oportunidade de buscar ser “mais ESG” e sem dúvida, abocanhará cada vez mais espaço neste novo cenário.
Por fim, até mesmo nossos gaps sociais gigantes são um terreno fértil para o desenvolvimento de metodologias sociais, para implantação de projetos que conciliem preservação ambiental com desenvolvimento humano e com a potencialização de comunidades vulneráveis.
Por tudo isso e, claro, reconhecendo as dificuldades e as barreiras que teremos de transpor, eu tenho convicção de que Trump fará mais mal ao país dele do que ao mundo e, parafraseando o poeta Mario Quintana, ele passará e nós passarinho.