Puxado pelo crescimento do setor de serviços, que representa 80,4% da economia paraibana, o PIB da Paraíba deve crescer 6,8% em 2024, segundo estudo desenvolvido pelo Banco do Brasil em seu assessoramento econômico e divulgado no início de setembro. O crescimento de 6,8% será o maior do país, seguido por Tocantins e Amapá, ambos com 5,8%, e mais do que o dobro da expectativa de crescimento do Brasil, 3,0%. Dentre as economias do Nordeste, a Paraíba terá o maior crescimento, seguida por Rio Grande do Norte (4,4%), Ceará (4,2%) e Maranhão (4,1%). Alagoas (1,8%), Bahia (2,5%) e Sergipe (2,6%) terão os piores desempenhos.
A região Nordeste terá um crescimento de 3,4, acima da expectativa de crescimento nacional de 3,0%. As regiões Norte e Sudeste apresentarão crescimentos de 4,2% e 3,2%, respectivamente, também acima da média nacional. A região Sul, mesmo sendo uma região afetada pelas enchentes, tem agora expectativa de crescimento de 2,2%, acima do crescimento de 2,1% da região Centro-Oeste, que vem em último. A expectativa de dados positivos para a Região Nordeste apresenta uma forte mudança em relação aos resultados ruins apresentados desde a pandemia, onde a região cresceu abaixo da média das demais regiões.
Mas por que a Paraíba está apresentando essa forte perspectiva de crescimento, destoando da média nacional e bem acima dos vizinhos? Algumas reflexões podem ser apresentadas. A economia paraibana tem na formação do seu PIB um peso significativo do setor de serviços, com 80,4% da sua composição, seguida pela indústria, com 14,9%, e o setor agropecuário com somente 4,7%. Nos últimos anos, desde a flexibilização das atividades na pandemia, o setor de serviços tem apresentado crescimento relevante no Brasil, com uma pujança oriunda das transformações tecnológicas que ocorreram na pandemia, mas também por conta da flexibilidade apresentada com novos negócios do setor. Ao analisar as perspectivas de crescimento da Paraíba por setores para 2024, a Agropecuária deve crescer 6,7%; a indústria, 5,6%; e, o setor de serviços, impressionantes 7,2%, o segundo maior crescimento do país, somente atrás do Tocantins, um estado que não tem o setor de serviços relevante em seu PIB.
O turismo nacional passou a crescer consideravelmente desde a pandemia, com Dólar mais caro e preocupações dos turistas nacionais em fazer viagens internacionais com risco mais elevado de novas pandemias. O estudo do Banco do Brasil aponta para o forte crescimento do turismo no Nordeste brasileiro, com destaques para Bahia, Pernambuco e Paraíba. Além disso, os grandes centros metropolitanos têm se mostrado inchados, com qualidade de vida decadente. Isto tem funcionado de forma positiva para que as menores capitais, bem estruturadas, como João Pessoa, possam atrair novos moradores. O Censo de 2022 mostrou, por exemplo, que Recife perdeu 3% da sua população, enquanto João Pessoa teve um crescimento de 15,26% em relação a 2010. Essa mudança fez com que o crescimento de João Pessoa como destino de primeira moradia venha se consolidando ao longo dos últimos anos, com diversos empreendimentos imobiliários implantados e valorização do metro quadrado acima da média nacional, estando entre os 3 maiores dentre as capitais no país.
Ainda há, claro, desafios para o estado, que detém um IDH de 0,729, o 9º pior do país, mas já ficou entre os 3 piores. A Paraíba representa a 9ª menor economia do país em termos de PIB, empatado com o Rio Grande do Norte. O Estado da Paraíba está entre os 5 estados que tem mais beneficiários do Bolsa Família que trabalhadores com carteira assinada. A taxa de desemprego está entre as 10 maiores entre as unidades federativas. Em termos de geração de empregos com carteira assinada, porém, o estado tem apresentado um crescimento dentro da média da região Nordeste. Olhando para a inovação, segundo o CLP, o estado é o 9º mais inovador do país e 2º no Nordeste, ficando atrás somente de Pernambuco. Nas finanças públicas, o estado detém o rating A em termos de capacidade de pagamento, o que permite realizar operações de financiamentos para melhorar a infraestrutura do estado.
É interessante entender o que vem pela frente na economia paraibana. Dentro do novo PAC, o governo destinou R$ 36,8 bilhões em investimentos para o estado. Além disso, há uma oportunidade que irá transformar economicamente João Pessoa, com impactos sobre diversos setores da economia e aumentando a empregabilidade. O Polo Turístico do Cabo Branco trará um investimento esperado de R$ 1,7 bilhão, com resorts, parque aquático, equipamentos de animação e estabelecimentos de comércio e serviços. Estes investimentos demandarão muita mão de obra qualificada, mas que pode ser treinada, para atender os turistas que passarão a frequentar ainda mais os atrativos da região. O fluxo de turistas deverá se intensificar, demando mais investimentos na logística e transporte de passageiros.
Os indicadores econômico-sociais têm apresentado melhoras na Paraíba, como visto. Os investimentos previstos devem consolidar ainda mais a evolução desses indicadores. O momento é propício para que empresários e setor público tirem proveito em prol de um desenvolvimento econômico-social mais sustentável. Com um crescimento forte como esse projetado para 2024, a Paraíba pode crescer mais que o dobro que a média nacional, e mais que a China, um tigre asiático que vem desacelerando. A Paraíba se torna a onça brasileira, já que por aqui não há tigres, com a maior projeção de crescimento do país para 2024.
Receba todas as notícias do Paraíba Business no WhatsApp