Apesar de reafirmar que nunca teve problemas com o presidente da Câmara, Arthur Lira, o ministro vê o cenário como ‘recado para Executivo, Legislativo e Judiciário’
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira, em Washington, que o país vive uma semana de turbulência e que, após o momento tenso, “as coisas acomodam depois”. Mas aproveitou para afirmar que este pode ser um bom momento para “repensar estratégias”.
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— Está tendo uma turbulência semanal, não é a primeira que o Brasil passa. Mas vamos nos lembrar que no governo anterior o dólar bateu R$ 6. A taxa de juro futura subiu enormemente. E essas coisas se acomodam depois. Então, é um momento tenso — afirmou o ministro, acrescentando:
— O lado externo não está ajudando. O lado interno nós estamos corrigindo, corrigindo com diálogo no Executivo, com diálogo no Legislativo. Já que a questão está mais delicada, vamos fazer neste momento um momento de repensar a estratégia e redefinir o papel de cada um para reestabilizar as expectativas.
Em Washington para a reunião de primavera do FMI e do Banco Mundial, Haddad deu exemplos de programas como o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), cuja relatora, a deputada Renata Abreu (Pode-SP), defende renúncias fiscais de R$ 5 bilhões por ano:
— Eu nunca tive um problema com o presidente Lira (Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados). Falamos recentemente, antes de viajar, disparei um telefonema para ele, falamos sobre os temas que tratamos aqui, encaminhamos para a relatora, ela está de posse dos dados do Perse, a relatora do Perse.
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Haddad completou:
— Nós entendemos que o Congresso tem os seus objetivos, mas nós temos que trazer esse programa para perto da normalidade, para perto da razoabilidade. Está muito sem freio, está aberto a fraudes que aconteceram e já estão sendo combatidas pela Receita Federal.
Recado para os três poderes
Haddad afirmou, do saguão do hotel onde está hospedado na capital americana, que o país não pode sair da “trilha do crescimento”:
— O que está acontecendo hoje é recado para o Executivo, é recado para o Legislativo, é recado para o Judiciário, é recado para a Fazenda, é recado para o Planejamento, é recado para o Banco Central. Vamos entender e reposicionar. Nós não temos razão nenhuma do ponto de vista dos fundamentos da economia brasileira para sair da trilha correta de fazer esse país voltar a crescer com baixa inflação e gerando emprego. Sobre crescimento, rapidinho, antes de a gente te liberar”.
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O ministro disse ainda que acredita que, apesar das turbulências, há espaço para cortes nos juros básicos do Brasil.
O ministro chegou nesta terça-feira em Washington para participar das reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial. Ele participa de um evento sobre Finanças Sustentáveis no Brazil Institute do Wilson Center e um debate com Ilan Goldfajn, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), sobre investimentos no Brasil e na América Latina, na U.S. Chamber of Commerce, quando deverá dar uma entrevista à imprensa.
(*) Especial para O GLOBO