Nordeste: o Brasil que ainda pode surpreender

Artigo de opinião: Alisson Holanda - Presidente do Instituto Ranking PB (IRPB)

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Não há desenvolvimento nacional sem uma política consistente e estratégica para o Nordeste. É uma constatação tão antiga quanto negligenciada. Ano após ano, governo após governo, a região permanece oscilando entre promessas genéricas e ações fragmentadas. Falta algo estrutural, contínuo e ousado. O Instituto Ranking PB (IRPB) decidiu oferecer um ponto de partida: um estudo técnico com propostas concretas para fazer do Nordeste não mais um símbolo da escassez, mas o motor da próxima revolução econômica brasileira.

Entregamos este estudo, nesta terça-feira (6), ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, com um objetivo claro: contribuir para uma agenda legislativa robusta, pensada em bloco e com capacidade de mobilização política nacional. O resultado imediato foi encorajador. O presidente não apenas acolheu as propostas como sugeriu a criação de uma frente parlamentar em defesa do Nordeste — passo essencial para garantir institucionalidade e continuidade ao projeto.

A inspiração do estudo veio de um caso real: Singapura. Um país que, há poucas décadas, lidava com pobreza, desemprego e infraestrutura precária. A virada aconteceu por meio de três eixos bem definidos: investimento pesado em infraestrutura de excelência, educação pública de alta qualidade e um ambiente regulatório eficiente, orientado para a inovação e a competitividade.

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Presidente da Câmara recebe estudo do Instituto Ranking PB e propõe criação de frente parlamentar em defesa do Nordeste

O Nordeste brasileiro tem condições semelhantes às de Singapura no seu ponto de partida: população numerosa, localização estratégica, recursos naturais em abundância (sol, vento, biodiversidade), cultura rica e um imenso potencial ainda não convertido em capital produtivo. O que falta? Vontade política, visão integrada e coragem para romper com o ciclo da dependência.

O estudo apresenta propostas legislativas e políticas para destravar o crescimento regional. Algumas são urgentes, como a requalificação de rodovias e a modernização de ferrovias e portos. Outras são estruturais, como a criação de zonas de inovação legal e econômica, a valorização do microempreendedor e o incentivo à bioeconomia no semiárido. Todas convergem para um ponto: é possível transformar o Nordeste em polo global de energias renováveis, turismo sustentável, educação digital e indústria tecnológica.

O que nos impede? A fragmentação política. Governadores, prefeitos e deputados muitas vezes atuam como ilhas isoladas, competindo entre si por recursos, sem articulação regional consistente. O Nordeste precisa se ver como um bloco. Precisa falar como bloco. Precisa decidir como bloco. A criação de uma frente parlamentar voltada exclusivamente para essa articulação suprapartidária pode ser o passo mais relevante desde a Sudene.

A proposta está posta. O estudo foi entregue. A oportunidade existe. Mas a história só muda quando o papel vira política pública. O Congresso tem agora a chance de fazer diferente. O Nordeste não pede favores — exige foco, respeito e prioridade. O Brasil, se quiser crescer com justiça e equilíbrio, precisa olhar para o Nordeste não como um problema, mas como uma solução estratégica.

Porque é a partir do Nordeste que pode estar, certamente, o Brasil que ainda não aconteceu.

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