O Nordeste brasileiro vem se destacando como a região com maior crescimento na colheita de cana-de-açúcar na safra 2024/2025, registrando um aumento de 5,6% em comparação ao ciclo anterior. De acordo com o segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a expectativa é de que a região colha cerca de 59,62 milhões de toneladas, impulsionada pelo aumento da área plantada e pela melhoria na produtividade média das lavouras, especialmente nos estados de Alagoas, Bahia, Paraíba e Pernambuco.
Esse avanço no Nordeste contrasta com a queda de 1,5% projetada para o Sudeste, região que enfrenta desafios climáticos significativos, incluindo um déficit hídrico prolongado. Enquanto o Sudeste lida com esses obstáculos, o crescimento na colheita nordestina reforça a importância da região para a produção nacional, além de sugerir um fortalecimento econômico para os estados envolvidos.
A cana-de-açúcar desempenha um papel vital na economia nordestina, com impactos diretos na geração de empregos e na movimentação do setor agroindustrial. A expansão desta safra reafirma o papel estratégico do Nordeste na cadeia produtiva nacional, assim como nas exportações de açúcar e etanol.
Renato Cunha, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar no estado de Pernambuco (SINDAÇUCAR), destacou a diferença nos períodos de colheita entre as regiões Centro-Sul e Nordeste, lembrando que o início tardio da safra nordestina, em comparação com a do Centro-Sul, deve ser considerado na análise dos números. “Os números consolidados do Centro-Sul já estão disponíveis para comparação, enquanto os dados do Norte e Nordeste ainda estão emergindo, com o Nordeste começando a moagem há menos de 30 dias”, afirmou. Ele também ressaltou que, apesar do crescimento projetado pela Conab, é cedo para uma avaliação definitiva da safra nordestina.
Edmundo Barbosa, presidente executivo do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado da Paraíba (SINDALCOOL Paraíba), observou que, apesar dos desafios climáticos, o Nordeste tem se destacado, especialmente nos estados de Alagoas, Pernambuco e Paraíba, os maiores produtores da região. Segundo ele, o impacto das condições climáticas adversas enfrentadas pelo Centro-Sul, que atravessa uma das secas mais severas já registradas. “A região Nordeste é tradicional exportadora de açúcar, e as condições de mercado têm animado novos investimentos na implantação de usinas”, comentou.
O presidente do SINDACOOL destacou ainda os investimentos recentes na Paraíba, que somam cerca de R$ 300 milhões, e o aumento da capacidade de geração de energia elétrica a partir do bagaço da cana. De acordo com ele, esses investimentos resultarão na criação de mais de 500 novos empregos. Ele também mencionou a parceria com a Embrapii em projetos de inovação e a construção de um novo laboratório de análises de açúcar, que visa posicionar a região como uma porta de saída para produtos com maior valor agregado no mercado interno e nas exportações.
A safra 2024/2025 no Nordeste promete consolidar a região como um pilar da produção nacional de cana-de-açúcar e alavancar novas oportunidades de desenvolvimento econômico e tecnológico para os estados produtores.