Nordeste deve receber R$ 750 bilhões em investimentos nos próximos 15 anos

Valor previsto terá foco no setor de infraestrutura e será financiado em grande parte pelo Banco do Nordeste, com juros custeados pelo FNE

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Autoridades e especialistas debateram as oportunidades disponíveis em setores como saneamento básico, energias renováveis, portos, aeroportos, rodovias, turismo, agronegócio, petróleo e gás — Foto: Divulgação

Em um esforço para impulsionar o crescimento e investimento na Região Nordeste, o Valor e a Editora Globo realizaram, no último dia 11, em São Paulo, o seminário Infraestrutura e Desenvolvimento do Nordeste. O evento abordou as perspectivas de crescimento e investimento na região, com autoridades e especialistas debatendo as oportunidades atuais em setores como saneamento básico, energias renováveis, portos, aeroportos, rodovias, turismo, agronegócio, petróleo e gás. O seminário contou com o apoio do Banco do Nordeste (BNB), que oferece crédito para projetos de infraestrutura com juros subsidiados do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).

O ministro de Portos e Aeroportos do Brasil, Silvio Costa Filho, destacou os esforços do governo federal, em parceria com a iniciativa privada, para desenvolver a infraestrutura aeroportuária no Nordeste. Ele mencionou investimentos em portos como Suape em Pernambuco, Pecém no Ceará, Itaqui no Maranhão, além de projetos na Bahia e no Piauí. Costa Filho também ressaltou a construção ou requalificação de 22 aeroportos na região, incluindo os de Maragogi (AL), Aracati (CE) e Balsas (MA).

Paulo Câmara, ex-governador de Pernambuco e presidente do BNB, mencionou que a região receberá 42% dos recursos públicos e privados previstos no Novo PAC, totalizando R$ 688 bilhões em investimentos. Ele previu que a região deve crescer 50% acima da média nacional no próximo ano.

Venilton Tadini, presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), citou um estudo da consultoria Tendências que prevê R$ 750 bilhões em investimentos no Nordeste nos próximos 15 anos, abrangendo setores como energia, saneamento, transporte, logística, rodovias, e óleo e gás.

O setor de saneamento foi um dos principais temas discutidos, com a meta de universalizar o serviço de abastecimento de água e coleta de esgoto até 2033. Verônica Sánchez da Cruz Rios, presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), destacou a alavancagem de investimentos a partir das concessões e parcerias público-privadas (PPPs) já iniciadas em Alagoas e no Ceará, além dos próximos leilões de blocos no Piauí e em Sergipe.

O evento também contou com a participação de Wagner Cardoso, superintendente de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rogério Tavares, vice-presidente de Relações Institucionais da Aegea Saneamento, Luciano Arruda, diretor de Gestão de Parcerias da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), e José Aldemir Freire, diretor de Planejamento do BNB.

Banco oferece crédito com juros subsidiados

Paulo Câmara, presidente do BNB, afirmou em entrevista ao Valor Econômico que o banco oferece recursos para diversos segmentos com taxas de juros que são cerca de metade das praticadas no mercado, além de condições de prazo e carência bastante atraentes.

O Banco do Nordeste (BNB) empresta R$ 50 bilhões por ano para investimentos em sua área de atuação, que abrange os novos estados do Nordeste e partes de Minas Gerais e do Espírito Santo. Desse total, cerca de R$ 40 bilhões são provenientes do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), que oferece juros subsidiados. Em entrevista, o presidente do BNB, Paulo Câmara, falou sobre os planos da instituição para ampliar o impacto do crédito na promoção do desenvolvimento e na melhoria das condições de vida da população da região.

Paulo Câmara comentou que o Nordeste tem apresentado um crescimento superior ao do restante do Brasil e, de acordo com o Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), o PIB per capita da região deverá crescer 50% acima da média nacional até pelo menos 2030. Ele destacou que esse crescimento é crucial para reduzir o desequilíbrio regional, uma vez que, apesar de representar 28% da população brasileira, o Nordeste contribui com menos de 14% do PIB do país.

Câmara destacou que o banco atende uma ampla gama de segmentos, desde microcrédito até grandes investimentos. Nos últimos cinco anos, mais de R$ 30 bilhões foram direcionados a projetos de energias renováveis. Ele ressaltou que o Nordeste possui grande potencial para crescer na geração de energia solar e eólica, devido à abundância desses recursos, e também para atrair investimentos em hidrogênio verde. Além disso, mencionou as oportunidades em saneamento, ferrovias, rodovias, portos e aeroportos, agro, turismo e indústria. Câmara também observou que o banco tem uma presença significativa no setor de serviços e comércio, que representa 70% do PIB da região.

O presidente do Banco do Nordeste explicou também que o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), que movimenta cerca de R$ 40 bilhões anualmente, oferece subsídios que permitem ao banco proporcionar taxas de juros aproximadamente metade das praticadas no mercado. Além disso, o fundo oferece condições atraentes em termos de prazos e períodos de carência. Ele mencionou que o FNE disponibiliza diversas linhas de crédito, que incluem financiamento para compra de maquinário, capital de giro, projetos de sustentabilidade, energias renováveis, inovação, turismo e segmentos da saúde.

Paulo Câmara encerrou sua entrevista com o valor econômico destacando que o banco é o mais atuante no Nordeste com microempreendedores individuais e micro e pequenas empresas. Ele mencionou que o banco possui dois programas de microcrédito produtivo orientado: o Crediamigo, voltado para o setor urbano, e o Agroamigo, focado na agricultura familiar. Este ano, o banco pretende liberar R$ 25 bilhões em crédito para cerca de quatro milhões de clientes, incluindo pessoas físicas, agricultores familiares e micro e pequenas empresas. Câmara sublinhou que essa é uma proporção significativa de recursos destinada a quem tem dificuldade de acesso a crédito, especialmente com condições mais favoráveis. Ele ressaltou que apoiar esses segmentos é uma parte importante da função pública do banco, dado que 90% dos empregos na região são gerados por micro e pequenos negócios.

Fonte: Valor Econômico

Redação
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