Aplicação pode ser feita a partir de R$ 100, mas é preciso cuidado na hora de investir, dizem analistas
No primeiro dia de negociação na Bolsa brasileira, foram registrados 7,4 mil contratos futuros de Bitcoin (BIT) e 111 mil ordens de compra ou venda. O instrumento é uma forma alternativa de investir na criptomoeda, ao invés de comprar uma fração dela ou aplicar em um Exchange Traded Funds (ETFs) de Bitcoin (fundos negociados em Bolsa que tentam acompanhar o valor da criptomoeda).
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Por meio dessa nova aplicação, os investidores negociam com base na expectativa de preço do Bitcoin em uma data futura. A liquidação é exclusivamente financeira, ou seja, em reais, sem compra e venda de criptomoedas.
Segundo a B3, o contrato tem valor de 0,1 Bitcoin, o que equivale a 10% do valor da moeda digital em reais, sendo usado como referência o índice Nasdaq Bitcoin Reference Price (NQBTC).
Para Alex Carvalho, analista da CM Capital, os contratos futuros podem atrair novos investidores para o universo de criptoativos, já que é possível começar a operar com R$ 100. Também podem motivar pessoas que busquem ganhos no curto prazo ao possibilitar a alavancagem.
No mercado futuro, há o pagamento de ajustes diários até o dia do vencimento do contrato. Aqueles que não zerarem suas posições até o fim do pregão — que ocorre das 9h às 18h30 — deverão depositar o equivalente a 50% do valor do contrato como garantia.
Se um investidor comprar um contrato futuro de Bitcoin a R$ 30 mil e ele subir para R$ 40 mil, o investidor vai receber os R$ 10 mil de diferença. Mas se o valor cair para R$ 35 mil, o aplicador deverá arcar com a diferença (R$ 5 mil). O processo se repete diariamente até o vencimento do contrato ou até que o investidor zere sua posição.
— A gente sempre fala para tomar cuidado com a reserva de emergência, ter investimentos também seguros, de renda fixa, para proteger o patrimônio. A exposição máxima para o contrato futuro de Bitcoin não deve superar 10% — aconselha Carvalho.
Expectativa de valorização
Marcos Skistymas, diretor de Produtos Listados da B3, considera o momento muito propício para a negociação do Bitcoin no mercado futuro pela proximidade do halving, previsto para sexta-feira. O evento é programado para acontecer a cada quatro anos a fim de reduzir pela metade a remuneração dos mineradores de Bitcoin, controlando a oferta da criptomoeda para evitar a desvalorização.
“O mercado agora tem um instrumento apropriado para se proteger ou operar essa expectativa de variação de preço. Além disso, esse é o primeiro derivativo ligado a uma cripto aqui na B3 e ele foi bastante demandado pelo mercado, o que justifica os bons números do primeiro dia”, afirmou Skistymas.
A lógica é que a redução da oferta da moeda digital através do halving leve à valorização da cripto. Segundo a Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABcripto), no último evento, em 2020, o preço do Btcoin saltou de US$ 9.734 para US$ 67.549 — ganho de quase 600%.
Do início do ano até março, com oficialização de ETFs de bitcoins pela SEC, órgão regulador do mercado de capitais nos EUA, o Bitcoin valorizou mais de 60% e chegou a US$ 73.750. Nos últimos dias, porém, a moeda se desvalorizou, passando ao patamar de US$ 60 mil.