Navegando para o verão: a expansão do mercado náutico na Paraíba

A opção de adquirir um jet ski tem se tornado mais popular entre os paraibanos e o perfil do público interessado em investir mudou ao longo do tempo

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Ruy Mattos, proprietário da Jet Point, com unidades em Recife (PE) e João Pessoa (PB). (Foto: Reprodução)
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Alto mar, sol e Nordeste. Tríade perfeita para quem deseja curtir passeios náuticos, como opção de lazer. O mercado brasileiro tem evidenciado uma crescente profissionalização nesse setor, incorporando leis e regras como áreas demarcadas nas praias para a prática dessas atividades e maior preocupação com a segurança dos praticantes e dos banhistas. O surgimento de empresas especializadas em todo tipo de serviço para motos aquáticas é a prova disso.

O setor de embarcações recreativas no Brasil terá aumento de 200% na produção até 2025. Um estudo, segundo dados da Associação Brasileira de Construtores de Barcos e seus Implementos (Acobar), do Conselho Internacional de Associações da Indústria Marinha (Icomia) e projeções da TCP Partners, aponta que o mercado de embarcações recreativas – como lancha, veleiro, iate e jet-ski – tem vivido forte crescimento no Brasil.

O empreendedor recifense Ruy Mattos entende bem do assunto. Sempre gostou muito do esporte e participou de inúmeras competições pelo Brasil. Até que observou que tinha um mercado disponível, se especializou e criou uma empresa, em Recife. “A Jet Point nasceu em 1997 e começou com o estímulo das competições, porque existia um calendário intenso. Já são 26 anos no mercado vendendo peças, acessórios e jet ski para todo o país.”

Jet Point em Recife, Pernambuco. (Foto: Reprodução)

A empresa expandiu suas operações para João Pessoa no ano passado, visando atender à demanda crescente no mercado paraibano durante os meses mais quentes. “Sempre vendemos bastante para a Paraíba, mas através da loja de Recife, até que decidimos investir em João Pessoa. É um mercado sazonal. Nessa época do ano, inverno, não se vende tanto, mas daqui a pouco, a partir de setembro, a procura aumenta”, explica.

Jet Point em João Pessoa, na Paraíba. (Foto: Reprodução)

Além de atender aos clientes na região metropolitana, a Jet Point também possui clientes distribuídos pelo Sertão paraibano. “João Pessoa, Campina Grande, Patos, Sousa… O pessoal ia até Recife para adquirir produtos. Aí percebi essa dificuldade em João Pessoa, a falta de uma loja que vendesse todas as marcas e todos os acessórios, desde coletes, âncoras, capas, peças, etc”, relata.

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Visitando as marinas em João Pessoa, Ruy também notou que, apesar da quantidade de motos aquáticas, a frota é antiga.  “Aqui tem muito jet ski. Uma marina tem mais de 100 jets, outra tem 200, mas muitos são antigos, com 10, 11, 12 anos de uso. Aí a gente vê que precisa renovar a frota”, complementa.

Ele comemora os resultados do último verão, já na expectativa para o próximo. “Estamos com algumas ideias de tentar colocar uma casa na praia de Camboinha, para atender especificadamente durante a alta temporada. Casa Jet Point, algo assim, para atender a demanda das praias.

Mattos observa a evolução das vendas comparando a ascensão dos equipamentos, destacando a transição dos motores de dois tempos para os motores de quatro tempos nos jet skis, no decorrer das décadas.

Quando eu comecei, além de ser um brinquedo caro, a moto aquática tinha um motor dois tempos, que era um motor muito problemático. Vi muita gente deixando o esporte por causa da dificuldade de manutenção. Por volta de 2006, começou a ser lançado o Jet ski com o motor quatro tempos, que é o motor com a mesma tecnologia presente nos carros. Aí sim o mercado deu uma aquecida muito grande. Muita importação, o dólar estava baixo, vendemos para todos os lugares”, relembra.

Ruy destaca que as importações são fundamentais para viabilizar o investimento. “O benefício fiscal para importar pelo Porto de Suape, em Pernambuco torna o jet ski aqui mais barato do que em outras regiões do Brasil, o que atrai clientes de diversos estados. Como em muitos não têm esse benefício ou não tem concessionária, compram com a gente”, conclui.

A Jet Point trabalha com as duas principais marcas: Sea Doo e Yamaha. Apesar de concordar que o mercado continua aquecido, enfrentam dificuldades relacionadas aos tributos.

Sim, o mercado continua aquecido, apesar de o dólar ter subido, apesar do imposto de importação agora ter voltado com o governo atual, que estava zerado com o governo passado. É uma coisa lógica: se zera o imposto de importação, aquece o turismo, e o governo atual tirou esse benefício, colocou 18% de importação, isso dificulta sim, porque além de nós, quem sente é o consumidor final.

Assim como a automotiva, com a linha popular, a Yamaha tem popularizado a indústria náutica, oferecendo equipamentos abaixo de R$100 mil reais.

Em março, durante três dias, centenas de apaixonados por moto aquática, participaram do Encontro Nordeste de Jet Ski em Cabedelo. Organizado pelo grupo Los Bandoleros, incluiu expedições com destino a vários locais paradisíacos que o litoral paraibano proporciona. “Participei e foi incrível. São nesses encontros que a gente percebe o quanto que reúne e agrega para o setor”, elogia Ruy.

Nos últimos anos, a opção de adquirir um jet ski tem se tornado mais popular entre os paraibanos, com investimentos a partir de R$ 75 mil (novos) e parcelamento facilitado em até 36 meses.

“Varia entre R$ 75 mil e R$170 mil. Vai depender, mas tem para todos os gostos. E os seminovos, de R$ 40 mil a R$100 mil. Em relação à manutenção, é semelhante à de um carro, exigindo revisões periódicas e serviços oferecidos pelas marinas. Atualmente, os jet skis são mais duráveis e quebram com menos frequência do que no passado.”

O perfil do público interessado em investir em embarcações mudou significativamente ao longo do tempo. Antes, era predominante entre os jovens que buscavam emoção e manobras radicais. Hoje, a demanda foca mais em famílias que desejam passear.

“Jet ski, hoje em dia, todos são três lugares, então dá para navegar o casal e um filho, por exemplo. Dá para colocar um cooler com bebida, refrigerante, suco, gelo. Tem aquele jovem que quer para brincar também, mas 90% hoje é o público que quer desfrutar com a família”, reforça.

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