Pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), aponta que aproximadamente 11 milhões de mulheres trabalham no agronegócio do país. E um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai além: 30 milhões de hectares são comandados pela força feminina – o equivalente a 8,5% da área ocupada por sítios e fazendas no país.
Apesar dos números expressivos, as mulheres ainda precisam lidar com um ambiente predominantemente masculino. Quando Tamiris Pereira da Silva decidiu estudar agronomia na Universidade Federal do Ceará, ouviu da própria família que não deveria seguir esse caminho.
- LEIA MAIS: ‘Guardiã’ das grandes fortunas do mundo, até a Suíça está discutindo como taxar os super-ricos
– As pessoas me diziam que é um curso para homens. E realmente na minha turma de faculdade, de 40 pessoas, apenas seis eram mulheres. O agronegócio ainda é um meio muito mais masculino – diz Tamiris, gerente de assistência técnica da Fertsan, empresa de insumos agrícolas.
– Mas esse cenário está mudando. Várias fazendas de clientes altamente conceituados são coordenadas por mulheres, que estão desenvolvendo trabalhos excelentes.
Coordenadora de marketing da Terra Fértil, empresa de consultoria no campo, Marcela Coura enxerga na maioria masculina do agronegócio um incentivo para abrir novas frentes para profissionais femininas.
– Ser mulher no agro é um desafio diário. Na minha empresa, nós representamos 46% da equipe. E eu me orgulho muito de fazer parte disso.
Kedjane Almeida, produtora de cana e parceira da Cultivar – empresa que atua na agricultura e pecuária –, já sentiu o machismo na pele.
– Ainda tem preconceito, uma resistência por parte do colaborador em aceitar ser comandado por uma mulher – afirma ela.
Com o propósito de fortalecer a voz feminina no agro e ajudar a criar uma equidade de gênero no setor, o Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA) acontece de forma anual há quase nove anos. O próximo evento vai ocorrer no mês de outubro, próximo ao Dia Internacional da Mulher Rural, data criada pela ONU para enfatizar a importância feminina no segmento.
– Gostaria de ressaltar a importância de estarmos juntas para valorizar e reconhecer as vozes femininas do agro, a contribuição da mulher no desenvolvimento do setor. E são eventos como esse que fazem isso acontecer – ressalta a diretora de Comunicação da divisão de agricultura da Bayer no Brasil, Daniela Barros, ao site oficial do congresso.