O Ministério Público Federal pediu a extradição do ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez da Espanha para o Brasil. A solicitação foi feita à 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro na noite da última quarta-feira, dia 10 de julho.
Alvo da operação Disclosure, da Polícia Federal por um esquema de fraude na varejista que chegou a R$ 25 bilhões, Gutierrez tinha mandado de prisão expedido pela Justiça brasileira e foi preso em Madri pela polícia espanhola no fim de junho.
Caso o juiz acate o pedido, o governo brasileiro deverá realizar um pedido soberano ao governo da Espanha para trazer de volta o executivo. Acredita-se, no entanto, ser pouco provável que as autoridades europeias aceitem, já que um acordo assinado em 1988 estabelece que Brasil e Espanha podem recusar a extradição de seus próprios cidadãos.
Além de brasileiro, Gutierrez possui cidadania espanhola. Inclusive, ele se mudou para o país logo que o escândalo das Americanas veio à tona.
No documento, o MPF argumenta que, caso a extradição seja negada, irá pedir que o ex-CEO da varejista seja processado e julgado na Espanha mesmo: “O presente requerimento se faz necessário na medida em que, caso negada a extradição, abre-se a possibilidade de processamento do requerido no Reino da Espanha”.
Pouco depois de Sérgio Rial assumir o cargo de CEO, a Americanas publicou, em 11 de janeiro de 2023, um fato relevante que comunicava “inconsistências contábeis” nos balanços corporativos na ordem de R$ 20 bilhões. O presidente deixou a função em apenas nove dias.
As investigações revelaram depois pistas de que o esquema fraudulento era conhecido pelos diretores da companhia. O MPF descobriu que eles chegaram a vender R$ 258 milhões em ações antes de o rombo ser descoberto.
Além disso, participavam de um grupo de WhatApp que fornecia um panorama da evolução das estratégias usadas na maquiagem contábil, assim como esclarecia como funcionava a dinâmica.