Ministério da Fazenda aposta em cortes de juros nos EUA para alívio cambial

Fazenda aposta em pelo menos três cortes nas taxas de juros americanas até o final do ano, o que, combinado com a Selic em níveis elevados no Brasil

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Prédio do Ministério da Fazenda e Receita Federal na avenida Prestes Maia, zona central da capital. - Crédito:ITACI BATISTA/AE/AE/Codigo imagem:117319 • ITACI BATISTA/AE/AE/Codigo imagem:117319
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O Ministério da Fazenda projeta que cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos, esperados para ocorrer até o final do ano, podem contribuir para diminuir a pressão sobre o real e reverter, ao menos parcialmente, a valorização recente do dólar no Brasil.

De acordo com a equipe econômica, o Federal Reserve (Fed) deve iniciar o ciclo de redução dos juros americanos em setembro, conforme sinalizado pelo presidente da instituição, Jerome Powell. Essa expectativa é vista como um fator que pode trazer alívio ao câmbio, após o dólar ter atingido valores próximos a R$ 5,80 nos últimos meses.

Fatores para a desvalorização do real

Auxiliares do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apontam múltiplos fatores que contribuíram para a desvalorização do real, reconhecendo que questões internas desempenharam um papel significativo:

  1. Divisão no Banco Central: A reunião de maio do Comitê de Política Monetária (Copom) revelou uma divisão entre diretores indicados pelos governos Jair Bolsonaro e Lula, aumentando a percepção de um possível conflito interno.
  2. Comunicação governamental: As críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a pressão por cortes mais rápidos na Selic criaram incertezas no mercado.
  3. Crise política: A devolução parcial pelo Senado da Medida Provisória do PIS-Cofins, que buscava compensar a desoneração da folha de pagamento, gerou apreensão sobre a viabilidade de cumprir a meta fiscal de 2024.
  4. Juros nos EUA: A demora do Fed em iniciar o ciclo de cortes, devido ao aquecimento da economia americana, intensificou a pressão sobre moedas de países emergentes, tornando os ativos americanos mais atraentes.

Mudanças no cenário econômico

O Ministério da Fazenda observa que houve um distensionamento gradual desses fatores de pressão. A previsão informal da equipe econômica sugere que o crescimento do PIB em 2024 poderá se aproximar de 3%, superando a projeção oficial de 2,5%.

Os auxiliares de Haddad destacam três elementos que têm contribuído para a consolidação desse cenário:

  1. Estabilidade no Banco Central: A redução das críticas de Lula ao Copom e a unificação das votações no colegiado diminuíram a incerteza. A antecipação da indicação do sucessor de Campos Neto e a articulação com o Senado para a rápida sabatina e aprovação também são vistas como fatores positivos.
  2. Compensações fiscais: As medidas anunciadas para cobrir as desonerações tributárias são consideradas suficientes para garantir o cumprimento da meta fiscal de 2024.
  3. Cortes orçamentários: O bloqueio de R$ 15 bilhões no orçamento, realizado em julho, é visto como uma demonstração de comprometimento do governo com a meta fiscal.

Perspectivas para o real

A Fazenda aposta em pelo menos três cortes nas taxas de juros americanas até o final do ano, o que, combinado com a Selic em níveis elevados no Brasil, pode atrair capital financeiro e valorizar o real, aproximando a cotação da moeda de R$ 5. A expectativa é que um ambiente externo mais favorável ajude a reverter a alta recente do dólar, reduzindo as pressões inflacionárias e criando um cenário mais propício para novas quedas na Selic a partir de 2025.

Redação com informações da CNN Brasil

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