A elevação de 1,37% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em junho, superando as expectativas, resultou em uma revisão das projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024. Pesquisa do Projeções Broadcast indica que a mediana das estimativas para o PIB do segundo trimestre subiu de 0,5% para 0,9%, enquanto a expectativa de crescimento anual foi ajustada de 2,2% para 2,4%, em comparação com o levantamento realizado em 15 de julho.
O IBC-Br é amplamente considerado uma antecipação do PIB oficial, que é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Analistas afirmam que o crescimento registrado em junho reflete que os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul foram menos intensos do que o previsto. Esse cenário de aquecimento econômico, aliado à possível pressão inflacionária, levou parte do mercado a considerar que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central pode retomar o ciclo de aumento da taxa Selic ainda em 2024.
O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Daniel Xavier, destacou que tanto o IBC-Br quanto as pesquisas setoriais do IBGE indicaram que o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul foi limitado. Em maio, o banco projetava um crescimento de 0,4% para o PIB do segundo trimestre e de 2,2% para o ano. Agora, essas estimativas foram ajustadas para 0,9% e 2,6%, respectivamente.
Xavier atribuiu essas revisões ao fortalecimento do consumo, especialmente no setor de serviços, e ao mercado de trabalho robusto, impulsionado pelo crescimento real da renda e da massa salarial. No entanto, ele também revisou as projeções para a Selic, prevendo um aumento de 10,50% para 11,25% em 2024, e de 9,0% para 9,75% em 2025. Xavier espera que o ciclo de alta dos juros comece na próxima reunião do Copom, em setembro, com três aumentos de 0,25 ponto percentual até o fim do ano.
Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galápagos, também prevê que o Banco Central manterá uma postura cautelosa diante dos números do IBC-Br. Embora sua expectativa seja de manutenção da Selic em 10,5%, ela reconhece que a economia mais forte pode aumentar a possibilidade de um novo ciclo de alta.
O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, também revisou suas estimativas, elevando a projeção para o PIB do segundo trimestre de 0,8% para 1,2%, e para 2024 de 2% para 2,4%. Vale destaca a continuidade do impulso fiscal do governo e a dinâmica positiva do setor agropecuário como fatores-chave para essa revisão.
Por fim, o Santander ajustou sua projeção para o crescimento do PIB no segundo trimestre para 0,7%, e para o ano, de 2% para 2,3%. A economista-chefe do banco, Ana Paula Vescovi, destacou que o mercado de trabalho robusto e o impacto limitado das enchentes no Rio Grande do Sul contribuíram para essa revisão.