Em meio ao pente-fino realizado pelo governo em benefícios, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, afirmou nesta sexta-feira que “discutir despesa com seres humanos é no mínimo insensibilidade”. Lupi disse que a pasta trabalha na checagem de possíveis fraudes nos benefícios previdenciários e assistenciais, mas que não é “tribunal de inquisição” e que garantirá “direitos a quem tem direito”.
— Estamos tratando de 40 milhões de seres humanos. Discutir despesa com ser humano, aquilo que é maior investimento que tem em um país, que é seu povo, é, no mínimo, insensibilidade. Não contem com a gente pra isso. Estamos aqui para conceder direitos a quem tem direitos. Estamos aqui para ser eficiente e competente. — disse o ministro, em evento que celebra os 34 anos do INSS.
Segundo Lupi, as despesas que devem ser discutidas são com dinheiro público mal aplicado, corrupção e juros da dívida.
Na quarta-feira, o ministro Fernando Haddad anunciou um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas. De acordo com Haddad, o presidente Lula autorizou um pente-fino em programas dos ministérios para ajustar as contas públicas, diante de temores do mercado sobre o cumprimento do arcabouço fiscal e das altas sucessivas do dólar. Esse pente-fino vai abranger uma revisão de benefícios previdenciários, como auxílio-doença, e assistenciais, como BPC pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda.
O ministro destacou que os cortes serão feitos conforme já prevê a legislação e a análise de dados cadastrais, para combater irregularidades.
Por enquanto, a limpeza de cadastros e o combate a fraudes em benefícios concedidos pelo governo é a principal estratégia para a contenção de gastos públicos, de modo a alcançar as metas fiscais.
Segundo o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), há previsão de economizar R$ 7,2 bilhões na revisão de benefícios previdenciários no ano que vem. Em entrevista ao GLOBO, Lupi disse que medidas já iniciadas propiciaram um ganho neste ano de cerca de R$ 2 bilhões, apesar dos gastos com benefícios previdenciários estarem crescendo este ano.
Lupi atribuiu o crescimento dos gastos na primeira metade do ano à redução da fila de espera por benefícios e à antecipação do 13º de aposentados, mas projetou que o gasto deve se estabilizar a partir de agora.