Lula coloca Brasil como ‘aliado privilegiado’ da Arábia Saudita: ‘Sócios cada vez mais próximos’

Em evento organizado por sauditas no Rio, presidente pede criação de fundo bilateral para investimento saudita no país

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presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita
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O presidente Luiz Inácio da Silva (PT) cobriu de elogios nesta quarta-feira a e colocou o como “aliado privilegiado” do país. Lula defendeu a criação de um fundo bilateral entre os governos brasileiro e saudita, e também afirmou que o Brasil é “avesso a rivalidades geopolíticas”, em meio a um apelo ao fim da guerra entre Rússia e Ucrânia.

As declarações de Lula ocorreram durante o FII Priority Summit, evento organizado pelo Future Investment Initiative Institute (“Instituto Iniciativa de Investimento no Futuro”, em tradução literal). O instituto é uma entidade sem fins lucrativos financiada pelo Fundo de Investimento Público (FIP), ligado ao governo da Arábia Saudita. O evento pela primeira vez é realizado no Rio, no hotel Copacabana Palace.

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Em sua fala, Lula declarou que o evento, chamado de “Davos do deserto”, não “deixa nada a desejar para a Davos dos Alpes”, em referência ao fórum econômico realizado anualmente na Suíça. Lula também destacou o recente ingresso da Arábia Saudita no bloco dos Brics, que reunia originalmente Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e passou por uma expansão no ano passado.

— É passada a hora de reconhecer o crescente peso de países como a Arábia Saudita e o Brasil, sócios cada vez mais próximos e parceiros nos Brics — disse o presidente.

Em outro momento de sua fala, Lula disse que o relacionamento entre Brasil e Arábia Saudita é um “exemplo modelar” para relações no Sul Global, com “grande potencial de ganhia recíprocos”.

— Temos grandes expectativas para a criação do fundo bilateral de investimentos e oportunidades especiais, que fortalecerá ainda mais a nossa parceria. A Arábia Saudita sempre terá no Brasil um aliado privilegiado — afirmou.

A aproximação entre a monarquia saudita, dirigida pelo príncipe Mohammed bin-Salman, e o governo brasileiro ganhou contornos mais evidentes desde a gestão de Jair Bolsonaro (PL). No início do ano passado, o jornal “O Estado de S.Paulo” revelou que Bolsonaro tentou desviar do acervo público da Presidência kits de joias que havia recebido de presente de governos do Oriente Médio, inclusive dos sauditas.

No evento desta quarta-feira, Lula afirmou ainda que o Brasil é “avesso a rivalidades geopolíticas” e voltou a se manifestar pelo fim da guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada após uma invasão russa ao território ucraniano em 2022. O presidente brasileiro afirmou que a paz “fica mais barata” do que gastar recursos com armamentos, e comparou sua posição atual à que adotou ante a guerra promovida pelos Estados Unidos no Iraque em 2003.

— Lembro que o (então presidente dos EUA, George W.) Bush queria desesperadamente encontrar alguém para responsabilizar pelas Torres (Gêmeas). E ele queria me convencer que o Brasil tinha que participar da invasão ao Iraque. Eu perguntei a ele: “Você está me chamando para destruir e reconstruir depois? Não é mais fácil deixar construído?”. Falei com ele na época que não conhecia o Saddam Hussein e não tinha nada contra ele. Eu tinha algo contra a fome e a pobreza em nosso país — argumentou.

A posição de neutralidade do Brasil na guerra entre Rússia, aliada dos Brics, e Ucrânia vem despertando críticas dos EUA e da União Europeia, que cobram uma posição mais assertiva do país em defesa da integridade territorial ucraniania.

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