A Lego anunciou que enfrenta dificuldades para substituir os combustíveis fósseis utilizados na fabricação de seus tijolos por plástico renovável e reciclado, que é mais caro. Essa dificuldade surge em um momento em que a empresa dinamarquesa experimentou um crescimento significativo em lucro e vendas.
A Lego reportou um aumento de 26% no lucro do primeiro semestre, totalizando 8,1 bilhões de coroas dinamarquesas (US$ 1,2 bilhão). As vendas aos consumidores subiram 14%, superando o desempenho geral do setor de brinquedos.
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Em entrevista à CNN, o CEO Neils Christiansen elogiou a força global da marca, destacando o sucesso contínuo de seu portfólio de produtos. “Nosso portfólio de produtos tem uma recepção excelente em todas as idades e interesses”, afirmou Christiansen.
Apesar dos sólidos resultados da Lego, o setor de brinquedos global enfrentou desafios devido à redução nos gastos com itens não essenciais. A Hasbro, por exemplo, anunciou planos de cortar 20% de sua força de trabalho no final do ano passado devido à queda nas vendas.
Desafios na Transição para Plásticos Sustentáveis
A Lego, que vende bilhões de tijolos de plástico anualmente, tem testado mais de 600 materiais para substituir seu plástico à base de petróleo até 2030, mas com sucesso limitado até agora. A empresa considera agora a possibilidade de reduzir gradualmente o uso de petróleo, optando por resina renovável certificada, que pode custar até 70% a mais. Isso resulta em um aumento significativo no custo de produção de cada tijolo.
Christiansen informou à Reuters que a Lego pretende garantir que mais da metade da resina usada seja certificada por métodos auditáveis de rastreamento sustentável até 2026, comparado a 30% no primeiro semestre de 2024. A meta é que todos os produtos da empresa sejam fabricados com materiais renováveis e reciclados até 2032.
Embora a Lego absorva o custo adicional por enquanto, na esperança de incentivar o aumento da produção de materiais sustentáveis, a empresa observa que os consumidores não estão dispostos a pagar preços mais altos pelos produtos. Christiansen destacou que a Lego está lidando com um mercado saturado de plástico virgem barato, impulsionado por investimentos das principais empresas petrolíferas em produtos petroquímicos.
Atualmente, os fornecedores da Lego estão substituindo combustíveis fósseis virgens por bioresíduos e materiais reciclados na produção de plástico. No entanto, o mercado de plástico reciclado ou renovável ainda enfrenta desafios, já que grande parte da matéria-prima disponível é direcionada para a produção de biodiesel.
De acordo com a Neste, a maior produtora mundial de materiais renováveis, o plástico fóssil custa cerca de metade ou um terço do preço dos plásticos sustentáveis. Apesar dos desafios, Christiansen observou um aumento no interesse e disposição para investir em soluções sustentáveis.
Enquanto isso, a Hasbro começou a usar materiais reciclados e de origem vegetal em alguns brinquedos, sem metas firmes para o uso de plástico, e a Mattel planeja utilizar apenas plásticos reciclados, recicláveis ou de origem biológica até 2030. Atualmente, cerca de 90% do plástico é produzido a partir de combustíveis fósseis, segundo o grupo de lobby PlasticsEurope.
Fonte: CNN Brasil