João Pessoa vista por um paulista

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Empreendimento Artus Vicence, Cabo Branco
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Vamos iniciar com um fato, João Pessoa está no radar de quem vive nos grandes centros do Brasil.

Trabalhando como consultor de mercado imobiliário tenho contato com construtores e imobiliárias em diferentes regiões do País, mas por conta do destino frequento o mercado imobiliário pessoense desde 2016, isso me permitiu acompanhar toda evolução do setor nos últimos dez anos. Obviamente meus clientes e amigos percebem essa minha relação com a Paraíba, foram mais de cinquenta viagens para a capital, só esse ano de 2024, entre idas e vindas, passei oito semanas trabalhando na cidade esse ano e é cada vez mais frequente a pergunta:

 “Carnicelli, você que está sempre em João Pessoa, o que está acontecendo por lá?”

Depois de escutar a minha visão sobre as oportunidades que a cidade oferece do ponto de vista de investimento imobiliário, sobre o crescimento do turismo, sobre as praias e restaurantes que a cidade oferece, a pergunta seguinte é “E a segurança?”. Fica fácil entender os desafios que essa pergunta traz para a cidade.

Hoje, o mercado imobiliário de João Pessoa é sem dúvida a mola propulsora de todo o crescimento turístico e do setor de serviços na cidade, produtos imobiliários de boa qualidade, com valores de metro quadrado ainda bastante atraentes trazem para a cidade o capital que seria investido em outras regiões do país, mas isso tem um limite. O preço do imóvel está diretamente ligado a qualidade da cidade em relação a estrutura oferecida e, para que o valor dos produtos imobiliários possa alcançar o seu potencial máximo, existem pontos de infraestrutura que devem ser trabalhados em paralelo com o atual momento, segurança é um deles. Crescer é bom, mas junto do crescimento estão os problemas relacionados a ele.

Imagem 3D da cobertura do empreendimento Artus Vivence

Enquanto escrevo esse artigo, sentado em um apartamento alugado pelo Airbnb no Cabo Branco, estou pensando em um perfil de clientes investidores que são topo da pirâmide social do País, mas é para eles que precisamos olhar se queremos atrair o dinheiro que está concentrado nesse público.  Em geral, são essas as pessoas com quem converso e que me perguntam sobre João Pessoa e posso garantir, eles vão investir em João Pessoa desde que exista segurança e estrutura de saúde com hospitais de qualidade. O engraçado é que para isso não bastam os dados, eu conheço JP, me sinto tão seguro aqui quanto em Balneário Camboriú por exemplo, mas lá a segurança é evidente, estrutura de câmeras, carros e policiais bem equipados, patrulhamento ostensivo, a sensação de estar seguro é tão ou mais importante do que a segurança em si.

Quando eu respondo que João Pessoa é segura eles ficam surpresos, simplesmente desconhecem, o dinheiro é preguiçoso e se ele está bem acomodado não vai em busca de aventuras de investimento. A maior trava de crescimento é o anonimato. Por isso, acho muito importante para a evolução do mercado paraibano no setor de turismo e imobiliário uma parceria público-privada para desmistificar isso. Fazer gestão de uma cidade como João Pessoa é como fazer de uma grande empresa, o marketing é parte importante do jogo para atrair o cliente.

Eu acredito fortemente que dinheiro do agronegócio ainda vai descobrir o imobiliário do Nordeste, hoje o investimento está muito concentrado no litoral catarinense. Quando essa barreira for rompida, e aos poucos já percebo os primeiros passos, qual a cidade com maior potencial? Na minha opinião, João Pessoa, uma cidade ainda em processo de maturação, uma identidade que ainda pode ser criada e desenvolvida. Diferente de Recife, Fortaleza e Salvador, João Pessoa ainda é uma folha em branco sobre o que ela pode oferecer como destino, tudo está no início.

Com essa descoberta acontecendo, o produtor rural que busca um imóvel de veraneio vai “jogar suas sacas de milho e soja” no ponto mais oriental do nosso país, uma cadeia de eventos prósperos pode acontecer a partir daí e um super desenvolvimento da cidade que todo esse dinheiro traz, incluindo a valorização dos imóveis, sobretudo os imóveis na orla que podem alcançar preços similares aos de outras regiões. Aqui o sol está presente o ano todo e a temperatura da água é sempre convidativa, deixa o fazendeiro de SINOP saber disso, mas pera aí, tem alguém contanto isso pra ele?

A provocação que faço é o quanto o poder público e privado estão alinhados em relação a isso, pois juntos podem fazer todo esse potencial acontecer. A cidade vai ser descoberta, é um fato, a forma como ela quer entrar no mapa é uma escolha de quem vive e constrói João Pessoa.

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Guilherme Carnicelli
Guilherme Carnicelli é consultor de empresas, atuando no setor imobiliário com projetos no Brasil e nos Estados Unidos. Publicitário com MBA em Gestão Empresarial Estratégica, foi fundador do Café Imobiliário, empresa que durante uma década foi referência em conteúdo para o setor imobiliário no Brasil. Como consultor atuou em projetos grandes empresas como RE/MAX, Coldwell Banker, Goldman Sachs e JP Morgan. É o criador do projeto Miami Xperience que faz conexão entre o mercado imobiliário brasileiro com os Estados Unidos em mais de dez edições, mas acima de tudo um apaixonado por João Pessoa.