João Pessoa, capital da Paraíba, é rica em diversidade de formações vegetais, especialmente as remanescentes de Mata Atlântica, que cobrem mais de 30% de seu território. Além disso, a cidade é caracterizada por uma paisagem que inclui árvores viárias, cultivadas nas calçadas, canteiros centrais e praças das avenidas, como sibipiruna, angelim, sucupira, ipês de diversas cores, pau-brasil e ingazeiros. Esse conjunto de vegetação desempenha um papel fundamental na melhoria da qualidade do ambiente urbano.
Benefícios da vegetação para o meio urbano
Anderson Fontes, engenheiro agrônomo e diretor de controle ambiental da Secretaria do Meio Ambiente (Semam), destaca os inúmeros benefícios que as árvores trazem para as cidades. “As árvores combatem doenças e atuam na regulação das condições climáticas, ajudando a amenizar o calor e até mesmo controlando os efeitos das chuvas torrenciais”, afirmou Fontes.
Para Juliana Coutinho, bióloga do Jardim Botânico Benjamim Maranhão, a vegetação urbana tem um papel essencial na mitigação dos impactos ambientais causados pela expansão das cidades. Ela destaca que a diversidade de flora na Paraíba, que inclui os biomas da Caatinga e da Mata Atlântica, contribui para a sustentabilidade e o equilíbrio ecológico.
Espécies destacadas
A Paraíba apresenta uma rica variedade de espécies vegetais, com destaque para aquelas da Mata Atlântica e da Caatinga. As áreas de vegetação de restinga ao longo do litoral e do Brejo de Altitude também abrigam uma flora diversificada. Entre as espécies mais emblemáticas de João Pessoa, o ipê-amarelo se destaca como símbolo da cidade, enquanto o juazeiro é uma árvore representativa da resistência da flora da Caatinga, muito presente nas zonas rurais do estado.
Nas áreas urbanas, as árvores viárias misturam espécies nativas e exóticas, sendo um reflexo da diversidade biológica do estado. A vegetação nativa, como as espécies da Caatinga e da Mata Atlântica, é fundamental para manter o equilíbrio ecológico, e o cuidado com o plantio de novas árvores é essencial para garantir a preservação dos ecossistemas.
Políticas públicas e preservação ambiental
O Governo do Estado tem investido em ações para preservar a vegetação nativa e expandir a cobertura vegetal na capital e no interior. A Secretaria do Meio Ambiente, por meio da política Viva o Verde, realiza a produção de aproximadamente 60 mil mudas de árvores anualmente, destinadas ao reflorestamento e arborização urbana.
Além disso, o plano de ação climática de João Pessoa prevê o plantio de cerca de 500 mil árvores até 2030, com a criação de novos parques e áreas verdes para mitigar os impactos do crescimento urbano. A construção de novos parques urbanos está sendo planejada para incluir áreas de vegetação nativa e novas árvores, visando à recuperação da cobertura vegetal perdida.
Desafios e ações para o futuro
Anderson Fontes observa que, para garantir a sustentabilidade a longo prazo, é crucial preservar e equilibrar as áreas de vegetação nativa, como a Caatinga, evitando processos de desertificação. A preservação da Mata Atlântica também é uma prioridade, pois, além de manter a biodiversidade, contribui para a saúde dos rios, lagos e fauna locais.
Uma das principais áreas de remanescente de Mata Atlântica na cidade é a Mata do Buraquinho, que ocupa mais de 512 hectares e é um refúgio de vida silvestre. Juliana Coutinho reforça que a área desempenha um papel importante na conservação do bioma no Nordeste, embora o estado ainda tenha apenas 9% da vegetação original de Mata Atlântica.
A bióloga alerta para a vulnerabilidade dos fragmentos remanescentes da Mata Atlântica, que estão frequentemente desconectados e isolados, o que torna necessário a criação de corredores ecológicos para garantir a conectividade entre as áreas de vegetação preservada.
Desmatamento e reflorestamento
O desmatamento e as atividades agropecuárias, como o cultivo de cana-de-açúcar, têm sido apontados como os principais impactos na vegetação da Mata Atlântica na Paraíba. No entanto, projetos como a Operação Mata Atlântica em Pé, uma parceria entre o Ministério Público e órgãos ambientais, buscam reverter esse quadro, promovendo o reflorestamento e a educação ambiental.
A colaboração entre o Poder Público e a sociedade é fundamental para a preservação da vegetação e a promoção de práticas sustentáveis. “É essencial que todos desempenhem seu papel de fiscalizar e preservar as áreas verdes, garantindo um futuro mais sustentável para a capital e o estado”, conclui Juliana Coutinho.
Fonte: Jornal A União