Durante a 34ª Reunião do Conselho Deliberativo da Sudene, foi destacada a importância de integrar os instrumentos de financiamento do Nordeste às políticas públicas prioritárias para o desenvolvimento, como a Nova Indústria Brasil. A ideia é que o crédito disponível seja alinhado aos desafios da região, especialmente em relação à inovação tecnológica e à transformação ecológica.
O secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux, apresentou, nesta última quinta-feira, 15, a estratégia do governo federal para os governadores da área de atuação da Sudene, com foco especial no Nordeste, e demais conselheiros. Ele destacou a importância de estruturar a economia brasileira para enfrentar o contexto da economia de baixo carbono.
“O Brasil precisa de um plano, porque a crise climática, embora causada principalmente pelos países mais ricos, afeta mais severamente os mais pobres. No Brasil, isso é especialmente verdadeiro para as regiões Norte e Nordeste, que tendem a ser as mais impactadas pelas mudanças climáticas. Até recentemente, essa agenda era vista como um nicho, mas isso mudou. Os três grandes centros econômicos globais estão investindo significativamente na economia de baixo carbono. Está claro que o desenvolvimento mundial está seguindo nessa direção. A dúvida é se será na velocidade necessária”, afirmou Rafael Dubeux.
Ele destacou como estratégico a adoção de critérios de conteúdo local para a energia renovável, já que o Nordeste é responsável por mais de 80% da produção de energia renovável do Brasil e ainda tem espaço para expandir essa matriz. Também mencionou a importância do adensamento tecnológico. O Brasil tem potencial para produzir hidrogênio de baixo carbono, não só para exportação, mas também para usá-lo como insumo em uma indústria de baixo carbono na região. Além disso, há oportunidades na indústria de bioinsumos para a agricultura com tecnologia nacional e na mineração.
O Plano de Transformação Ecológica tem três grandes objetivos: aumentar a produtividade da economia brasileira por meio da inovação tecnológica, gerando empregos em grande escala e com bons salários; promover o crescimento econômico com menor impacto ambiental; e alcançar um desenvolvimento mais equitativo, com melhor distribuição de renda e benefícios.
Durante o debate sobre a transformação ecológica para o desenvolvimento regional, foram discutidas maneiras de criar novas soluções para a indústria, aproveitando o potencial do Nordeste na matriz elétrica, além de explorar novas formas de adensamento e inovação tecnológica. Também foi abordada a integração das estratégias de financiamento e a harmonização dos fundos regionais com os objetivos do Plano de Transformação Ecológica (PTE), do Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE), da Nova Indústria Brasil (NIB) e do Novo PAC. A integração das estratégias de financiamento entre o BNDES, BNB e Finep também foi discutida.
“A inovação tecnológica é fundamental nesse processo, criando novas soluções para o Nordeste e promovendo o desenvolvimento regional. As diretrizes têm como base critérios de inovação, focados principalmente no aspecto regional”, afirmou Danilo Cabral, superintendente da Sudene. A Sudene faz parte do Grupo de Trabalho sobre a Territorialização das Missões da Nova Indústria Brasil (NIB) e já adotou medidas para atender às demandas dessa estratégia.
As diretrizes do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), o principal instrumento financeiro voltado ao desenvolvimento regional e operado pelo BNB, foram aprovadas na mesma reunião e terão como prioridade, em 2025, a concessão de crédito para empreendimentos alinhados às novas políticas públicas setoriais. A Sudene também está reativando o Comitê Regional das Instituições Financeiras Federais (Coriff), que vai integrar os instrumentos de financiamento com as políticas públicas.
O Coriff contará com a participação do BNDES, BNB, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Agora, também incluirá o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), Banco do Estado de Sergipe (Banese), além do Consórcio dos Governadores do Nordeste e da Finep.