A inflação voltou a acelerar em julho e subiu 0,38% no mês, puxada pelo aumento da gasolina e das passagens aéreas, segundo o IBGE. O índice chegou a 4,5% no acumulado em 12 meses e ficou no teto da meta – que é de 3%, podendo variar até 1,5 ponto percentual. O resultado joga ainda mais pressão sobre o Comitê de Política Monetária (Copom), que não aumentou os juros na última reunião, mantendo a Selic em 10,5% ao ano.
- O índice de julho ficou um pouco acima do esperado. Analistas estimaram alta de 0,35% no mês.
- Em junho, a inflação havia ficado em 0,21%.
- Apesar da alta em julho, o grupo de alimentos teve a maior queda desde agosto de 2017, quando a variação foi de -1,07%.
Gasolina e conta de luz ficam mais caras
Sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em julho. Parte da aceleração da inflação no mês pode ser explicada pelo custo da gasolina, que subiu 3,15% no mês e tem peso significativo no orçamento das famílias.
O aumento se deve, principalmente, ao reajuste da Petrobras no dia 8 do mês passado. Depois de 11 meses sem mudanças nos preços, a estatal subiu 7,1% para a gasolina vendida pelas refinarias às distribuidoras. Também aumentou em 9,8% o gás de cozinha.
No mês que marca as férias escolares, as passagens aéreas também subiram e ficaram 19% mais caras. Outro fator que manteve a alta do índice geral foi o aumento da conta de luz, com a entrada da bandeira amarela.
Alimentos têm maior queda desde 2017
O que ajudou a segurar o resultado de julho foi a forte queda dos alimentos após nove meses de alta. O grupo Alimentação e Bebidas teve retração de 1% nos preços no mês. Trata-se do maior recuo desde agosto de 2017 , quando a variação foi de -1,07%.
— Esses três grupos (Transportes, Habitação e Alimentação) ajudam a gente a entender a dinâmica inflacionária do IPCA em julho — resume André Almeida, gerente da pesquisa.
Segundo Almeida, do IBGE, a maior oferta de alimentos – principalmente os de hortifruti – contribuiu para a redução dos preços nas feiras e nos supermercados. Isso deve ser às melhores condições climáticas, que permitam a intensificação das safras e da produção.
A alimentação no domicílio teve baixa de 1,5% em julho. Já a alimentação fora do domicílio subiu 0,39%, variação semelhante ao mês anterior. Isso inclui restaurantes e lanches, por exemplo, que não embutem preço das refeições custos com energia, salário etc.
Perspectivas
Economistas projetam que a inflação termine o ano em torno de 4,12%, segundo última pesquisa do Boletim Focus, que reúne projeções de analistas do mercado. Os agentes estão de olho, no entanto, no comportamento dos preços para 2025 e na possibilidade de o BC cumprir a meta estabelecida para o ano que vem.