A inadimplência é um desafio frequente na gestão de condomínios no Brasil. De acordo com dados da Superlógica, empresa especializada no setor, a falta de pagamento das taxas condominiais gera um prejuízo anual de aproximadamente R$ 7 bilhões. No entanto, os impactos não se limitam aos cofres dos condomínios: os moradores que pagam em dia são os mais afetados pelos atrasos.
Moira Regina de Toledo, advogada e diretora de risco e governança da Lello Condomínios, explica que, quando a arrecadação não cobre as despesas, a tendência é que o valor das taxas condominiais aumente. “A cota condominial funciona como uma ‘vaquinha’ para custear as despesas do empreendimento”, afirma. Ela ressalta que os condomínios possuem um orçamento planejado, que inclui as despesas previstas, a inadimplência média e um fundo de reserva para gastos extraordinários. Dessa forma, uma inadimplência pontual costuma ser absorvida com mais facilidade pelas administradoras organizadas.
O problema se agrava com o tempo
Giovanni Gallo, síndico profissional e especialista em administração de condomínios, alerta que a inadimplência prolongada cria uma bola de neve financeira. “Quando um percentual significativo de condôminos deixa de pagar as taxas mensais, o condomínio precisa cobrir esses custos de alguma forma. Isso pode resultar em aumentos nas taxas para os demais ou cortes em serviços essenciais”, explica.
Condomínio mais caro e menos serviços
Quanto maior e mais prolongada for a inadimplência, maior será o impacto na vida dos moradores que pagam em dia. Além do aumento das taxas condominiais, o desequilíbrio nas contas pode comprometer a manutenção de equipamentos e serviços essenciais. “A falta de recursos pode afetar a reparação de elevadores ou sistemas de segurança”, exemplifica Gallo. Ele também destaca situações mais críticas, como a impossibilidade de pagar contratos de limpeza e segurança, o que coloca em risco o conforto e a segurança de todos os moradores.
Soluções para a inadimplência
Para lidar com a inadimplência, os condomínios podem adotar medidas urgentes, como ações judiciais e o uso do fundo de reserva. “Além de prejudicar o condomínio, a inadimplência gera um sentimento de injustiça entre os adimplentes, que precisam arcar com custos extras para cobrir as despesas, enquanto os inadimplentes continuam usufruindo dos serviços”, afirma Toledo.
Vale lembrar que a inadimplência nas taxas condominiais pode levar à perda do imóvel. Assim como ocorre com o IPTU e os financiamentos imobiliários, o não pagamento das taxas condominiais pode resultar na penhora ou leilão do bem, já que o imóvel serve como garantia para o cumprimento das obrigações financeiras.
Em resumo, a inadimplência em condomínios não afeta apenas as finanças do empreendimento, mas também a qualidade de vida e o bolso dos moradores que cumprem suas obrigações. Por isso, é essencial que condomínios adotem medidas eficazes para prevenir e combater esse problema, garantindo a sustentabilidade financeira e o bem-estar de todos os condôminos.
Fonte: Estadão
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