O projeto The World previa a construção de 300 ilhas artificiais, dispostas de forma a replicar o mapa-múndi; com 60% delas comercializadas, a inciativa está em declínio.
Ambiciosos e milionários: palavras que descrevem os projetos desenvolvimentos em Dubai. Muitos deles saem do papel e viram atrações que alcançam o mundo todo, como a Palm Jumeirah (ilha artificial em forma de palmeira). Mas, nem tudo são flores e, quanto maior a ambição, maior pode ser a queda. É exatamente o que está acontecendo com o projeto The World, que previa a construção de 300 ilhas artificiais. Sendo mais coerente, o The World não está em queda: está afundando.
A ideia inicial do audacioso projeto era parecida com a Palm Jumeirah — inclusive, as obras ficam a poucos metros uma da outra. No lugar da palmeira, contudo, visto do alto o The World formaria um mapa-múndi, composto por 300 ilhas artificiais, com tamanhos entre 1,4 e 4,2 hectares. Com investimento inicial de 12 bilhões de libras (cerca de R$ 85,8 bilhões na cotação de junho de 2024), o The World chegou a utilizar 321 milhões de m³ de areia do Golfo Pérsico e 386 milhões de toneladas de pedra para realizar a obra, abrangendo uma área aproximada de 54 km². Acontece que, tudo isso, foi ainda lá em 2003, 21 anos atrás.

A intenção original do projeto era vender as ilhas para investidores privados, que poderiam desenvolver propriedades residenciais, resorts, hotéis e outras instalações de luxo. Mesmo com 60% do complexo vendido, contudo, as obras estão paradas há anos.
Para se ter uma ideia, das 300 ilhas previstas, apenas uma foi completamente desenvolvida e está em uso: a Ilha do Líbano. Por lá está o The Royal Island Beach Club, que inclui um restaurante, bar, piscina e atividades aquáticas. A maioria das outras ilhas permanece desocupada e sem desenvolvimento significativo.

Impacto ambiental
Entre os motivos estão crises econômicas (principalmente a de 2008), que levaram à paralisação de muitas construções e ao abandono de alguns planos de desenvolvimento; problemas de infraestrutura, uma vez que as ilhas não são conectadas entre si ou ao continente por pontes ou estradas, o que torna o acesso difícil; e o principal deles: o impacto ambiental.
A construção das ilhas teve impactos negativos significativos nos recifes de coral e ecossistemas marinhos locais, embora esforços tenham sido feitos para mitigar esses efeitos. Abandonadas, as ilhas do The World ainda estão acelerando o aparecimento dos primeiros sintomas de erosão nos canais que circundam as ilhas, as transformando em espécies de “terraços desertos de areia”. Tendo em vista a crise climática que cresce ano após ano, dados do Greenpeace indicam ainda que as ilhas do projeto estão afundando a uma taxa de 5 mm por ano.
Apesar dos inúmeros problemas e desafios, a Nakheel Properties, empresa responsável pelo projeto, continua buscando maneiras de revitalizar o The World, de forma a atrair novos investimentos para completar o desenvolvimento das ilhas.
Fonte: site Naútica