A inteligência artificial (IA) já não é mais uma promessa distante. Ela se consolidou como parte da rotina de milhões de pessoas — especialmente no Brasil, onde a adoção vem superando a média global. De acordo com uma pesquisa do Google em parceria com a Ipsos, 54% dos brasileiros utilizaram ferramentas de IA generativa em 2024, enquanto a média global foi de 48%. Além disso, 81% disseram recorrer à tecnologia para realizar pesquisas online.
Esses dados evidenciam uma transformação profunda na maneira como buscamos, organizamos e assimilamos informações, com impactos diretos no campo da educação.
Durante muito tempo, a tecnologia foi vista como um apoio ao ensino tradicional. Hoje, ela ocupa um papel central no processo de aprendizagem. Ferramentas de IA vêm redefinindo como estudantes de todas as idades constroem conhecimento, se organizam para estudar e se preparam para exames, vestibulares ou desafios profissionais.
O potencial dessas soluções vai muito além da geração de textos ou respostas automáticas. Plataformas como o NotebookLM, do Google, oferecem recursos avançados: permitem importar dezenas de documentos, gerar resumos inteligentes, realizar buscas internas, criar planos de estudo personalizados, converter textos em mapas mentais, apresentações ou até podcasts. Tudo isso com suporte multilíngue, adaptando-se ao idioma e estilo de aprendizagem do usuário.
Esse novo modelo de aprendizado oferece não só ganho de tempo, mas também acesso democratizado à informação, promovendo uma educação mais personalizada e eficiente. Com a IA, estudantes conseguem sintetizar grandes volumes de conteúdo, criar exercícios para autoavaliação e revisar os principais conceitos de maneira muito mais estratégica.
Mas o uso da IA também exige atenção. Nenhuma tecnologia, por mais avançada, substitui o pensamento crítico, a análise e a capacidade de reflexão — competências fundamentais em qualquer processo educativo. A inteligência artificial deve ser usada como uma aliada, e não como um atalho que enfraquece o esforço cognitivo.
Esse cuidado se torna ainda mais urgente quando se trata de crianças e adolescentes. Embora muitas plataformas estipulem idade mínima de 13 anos, mecanismos de verificação e controle parental ainda são frágeis ou inexistentes na prática.
Nesse contexto, o papel de pais, educadores e instituições de ensino é essencial. É preciso ir além da simples permissão ou proibição do uso da IA: é necessário preparar os estudantes para um uso ético, consciente e crítico da tecnologia.
Isso inclui desenvolver habilidades como checagem de fontes, reconhecimento de vieses algorítmicos, e discernimento entre conteúdo confiável e desinformação.
A inteligência artificial já está moldando o presente da educação — e ignorar sua influência é abdicar da preparação para o futuro. O desafio, portanto, não está em escolher entre tecnologia ou ensino tradicional, mas em encontrar formas para que ambos coexistam e se fortaleçam mutuamente.
Em última instância, cabe à sociedade decidir como essa poderosa ferramenta será utilizada: como um instrumento para ampliar capacidades humanas ou como um substituto arriscado de processos que são, e sempre serão, profundamente humanos.
Fonte: Época de Negócio