Integrantes do governo com assento no Palácio do Planalto avaliam que os dados técnicos disponíveis até o momento não indicam a necessidade da volta do horário de verão. Um auxiliar afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda tomará a decisão sobre a adoção da medida, que entraria em vigor só depois do segundo turno das eleições municipais, marcado para 27 de outubro.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, vai sugerir a Lula o retorno do horário de verão. Se o presidente aceitar, o novo horário deve começar a vigorar em novembro.
A possibilidade de adiantar o relógio seria uma forma de conter a seca que se alastra pelo país e pressiona a geração de energia.
Por causa da divulgação de notícias de que a ideia está em estudo, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, procurou dois ministros do governo em busca de uma solução que não atrapalhe as eleições deste ano.
O TSE está preocupado com o impacto da volta do horário de verão na logística das eleições. Desde 2022, as votações são realizadas no horário de Brasília, das 8h às 17h. No Acre, por exemplo, isso significa que o pleito ocorre das 6h às 15h no horário local.
Adiantar o relógio em uma hora faria estados do Nordeste, por exemplo, começarem a votação às 7h local — e terminar mais cedo. E o Acre, às 5h, terminando pouco depois do almoço, às 14h. Os mesários precisam chegar antes disso e teriam que estar nos zonas eleitorais de madrugada. Esse cenário poderia aumentar a abstenção dos eleitores, na avaliação de integrantes do TSE.
Preocupada com isso, a presidente da Corte eleitoral, Cármen Lúcia, procurou os ministros Ricardo Lewandowski, da Justiça, e José Múcio, da Defesa, para saber se o governo estava considerando o impacto do horário de verão nas eleições.
Lewandowski chegou a consultar o presidente, que disse que o horário de verão deverá ocorrer apenas após as eleições
Na semana passada, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) recomendou em reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) a adoção do horário de verão para ajudar a “desestressar” o sistema em momentos de pico de consumo, que ocorrem entre 14h e 16h.
A avaliação é que, com o pôr do sol, 20% do volume da energia gerada sai do sistema, exigindo maior necessidade de ajustes no setor, com a entrada de outras fontes. Porém, apesar do CMSE ter endossado a avaliação do ONS, a decisão não foi tomada.
A economia pode chegar a R$ 400 milhões durante o horário de verão, segundo os técnicos. Isso corresponde a economia de 2,5 GW em geração de energia.
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