O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou de audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, numa sessão marcada por bate-bocas com parlamentares.
Em um dos momentos, o deputado bolsonarista Filipe Barros (PL-RS) acusou o governo de maquiar os dados relacionados às contas públicas, enquanto o ministro disse que “não vale a pena trabalhar com fake news”.
— Só tiveram dois presidentes que deram calote: (Fernando) Collor e (Jair) Bolsonaro. Aí vem o presidente (Lula) e paga o calote. “Ah, olha o déficit que o presidente Lula fez”. Esse déficit, deputado, não é nosso. O filho é teu, tem que assumir a paternidade, faz o exame de DNA que vai saber quem deu calote. Eu não quero polarizar com o senhor, não vim para cá para isso, vim para restabelecer a verdade — disse Haddad.
O ministro tem reiterado diversas vezes que o governo Lula pagou o que chama de “calote” de Bolsonaro ao quitar dívida de precatórios (decorrentes de decisões judiciais). A gestão Bolsonaro colocou um limite no pagamento dessas dívidas.
Filipe Barros, então afirmou que o país está vivendo uma “pandemia econômica” e que as contas públicas do país estão em uma situação pior do que durante a pandemia de Covid9.
— Se fosse o Paulo Guedes, isso não estaria acontecendo, podem ter certeza — disse o deputado.
Em outro momento, Haddad disse que os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro negam que a terra seja redonda. O ministro respondeu ao deputado Abílio Brunini (PL-MT), que afirmou que ele era um “negacionista da economia”.
Haddad respondeu:
– Essa é a prática do bolsonarismo, não querer ouvir. “A vacina, sou contra”. Não quer ouvir. O senhor me chama de negacionista? Eu defendi a vacina o tempo todo. A terra é redonda o tempo todo. Vocês negam que a terra é redonda, vocês negam a vacina, vocês negam que deram o calote em precatório, calote em governador.
Discussão com Kim Kataguiri
Durante a sessão, o ministro também disse para o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) “parar de lacrar na rede” numa discussão sobre ICMS cobrado sobre importações.
— Pega o microfone e fala mal do Tarcísio (de Freitas, governador de São Paulo). Coragem, deputado. Fala, deputado — afirmou o ministro. — Feche a porta para ouvir e parar de lacrar na rede.
Kataguiri afirmou que Haddad foge dos questionamentos sobre o imposto para as compras em sites internacionais.
— De três questionamentos que eu fiz, ele não respondeu, sobre privilégios, elite do funcionalismo público, paternalismo. E que o ministro está fugindo de responder é qual o posicionamento do Ministério da Fazenda da imposição de imposto de importação em 60% para as compras on-line —disse o deputado.
As quase cinco horas de sessão ainda renderam uma discussão sobre o show da Madonna no Rio no início do mês.
— O deputado Abílio me acusa de gostar de filme, livro e música. Eu gosto da cultura, eu sei que o bolsonarismo tem dificuldade com as artes. Vocês não gostam. Vocês vão ter que aprender a respeitar um dos maiores patrimônios desse país – disse Haddad.
– Tipo a Madonna? Tipo o show da Madonna? – perguntou o parlamentar.
– Deputado, isso não é problema seu, não vai no show da Madonna, quem gosta vai – respondeu Haddad.
‘Juízo perfeito’
Em determinado momento, Haddad ainda discutiu com um parlamentar que defendeu a isenção de jogos.
— Será que o senhor está no juízo perfeito? É um fenômeno novo.