Governo suspende leilão de compra de arroz, após altas de preços no Mercosul

Bloco teria prioridade em compras da Conab. Tailândia deve ser o mercado fornecedor

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O leilão para a compra de cerca de 100 mil toneladas de arroz do Mercosul, previsto para esta terça-feira, foi suspenso. A medida foi tomada porque, segundo o governo, foram constatados aumentos especulativos de preços praticados pelos sócios do bloco.

A suspensão foi comunicada pelo Ministério da Agricultura. Uma nova dada para o leilão e a origem da importação do produto estão em discussão entre os vários órgãos envolvidos. O mais provável é que a importação terá como origem a Tailândia.

Há cerca de duas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou uma medida provisória autorizando a importação de até 1 milhão de toneladas de arroz pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). As compras, que tinham como prioridade de origem o Mercosul, têm o objetivo de evitar aumentos especulativos de preços e garantir o abastecimento do país, em um momento em que o maior estado produtor, o Rio Grande do Sul, enfrenta inundações que compõem um cenário de catástrofe climática.

Em entrevista ao portal “G1”, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que os preços subiram até 30% no Mercosul. Esta foi uma das razões de o governo zerar o Imposto de Importação do produto, dando as mesmas condições que existem se a compra fosse em um dos mercados do bloco sul-americano — Paraguai, Argentina e Uruguai.

A suspensão do leilão foi decidida pelo presidente da República. Uma nova data será estabelecida nos próximos dias, mas técnicos envolvidos no assunto afirmam que, com a redução das alíquotas de importação a zero, prevista para durar até o fim deste ano, o setor privado terá liberdade para importar o arroz de onde considerar mais vantajoso.

Em uma avaliação interna, interlocutores do governo dizem que, atualmente, o mercado de arroz brasileiro já opera em um cenário de menor disponibilidade de grão. Isto porque a área plantada vem sendo reduzida ao longo dos últimos anos, com exceção da atual Safra 2023/24, que foi semeada em um cenário atrativo de preço e rentabilidade.

No caso do Rio Grande do Sul, responsável por mais de 70% da produção nacional, estimativas de mercado indicam uma perda em torno de 600 mil toneladas. A safra de arroz prevista era de cerca de 40 milhões de toneladas.