Recursos fazem parte da oitava revisão do socorro de US$ 44 bilhões aprovado em 2018. Fundo cita ‘desempenho melhor do que o esperado no primeiro trimestre’
O presidente argentino Javier Milei conseguiu fechar um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e liberar um desembolso de US$ 800 milhões para o país. Foi a oitava revisão do pacote de socorro de US$ 44 bilhões negociado pela Argentina com o FMI em 2018, pelo então presidente Maurício Macri.
Liberar os US$ 800 milhões agora é um importante sinal verde do Fundo para a política de choque de Milei na economia. O dinheiro dará tempo à Argentina para pagar seus credores enquanto o novo governo decide se mantém o atual programa de socorro com o FMI ou se negocia um acordo em outros termos.
“Com base no desempenho melhor do que o esperado no primeiro trimestre — todos os critérios de desempenho foram cumpridos com margens —, a equipe do FMI e as autoridades argentinas chegaram a entendimentos sobre políticas para continuar a consolidar o processo de desinflação, reconstruir as reservas externas, apoiar a recuperação e manter o programa no caminho certo”, escreveu a equipe do Fundo em comunicado nesta segunda-feira.
No mês passado, o ministro da Economia de Milei, Luis Caputo, disse que a Argentina está começando a negociar um novo programa de financiamento que poderia envolver fundos novos, acrescentando que os planos monetários e cambiais de Milei fazem parte da discussão.
O presidente já havia afirmado que a Argentina precisaria de cerca de US$ 15 bilhões de diferentes fontes para recompor suas reservas e suspender uma série de controles cambiais implementados pelo ex-presidente peronista Alberto Fernández.
Fundo sugere melhorar a assistência social
O aval do FMI e a liberação dos US$ 800 milhões eram esperados diante das duras medidas de austeridade adotadas por Milei, que superam as exigências do Fundo. O presidente entregou um resultado fiscal com superávit primário (ou seja, sem contar o pagamento de juros da dívida pública) no primeiro trimestre, o que não ocorria há quase duas décadas.
Para conseguir isso, o governo congelou obras públicas, reduziu subsídios de energia e transporte para os consumidores e permitiu que a inflação corroesse salários e pensões públicas.
PIB deve recuar 2,8% este ano, prevê FMI
O objetivo da Argentina de alcançar um equilíbrio fiscal sem financiamento líquido do seu banco central permanece intacto, segundo o comunicado. Daqui para frente, o foco deverá ser em melhorar o sistema tributário, simplificar subsídios e fortalecer a assistência social, destaca o Fundo.
O Fundo destaca ainda que a política monetária do país precisa continuar a evoluir para ancorar as expectativas de inflação e tornar a política cambial mais flexível. Restrições e controles cambiais precisam ser removidos à medida que as condições permitirem, diz o comunicado.
Mas se o duro ajuste fiscal adotado por Milei tem o endosso do Fundo, a inflação em quase 300% ao ano destruiu o poder de compra das famílias e o país deve ter uma contração do PIB projetada pelo FMI em 2,8% este ano.