Os investidores estrangeiros mantiveram uma postura de compra no mercado de ações brasileiro durante julho e agosto, após um primeiro semestre marcado por vendas.
De acordo com o banco Morgan Stanley, em julho, os estrangeiros adquiriram R$ 3,6 bilhões em ações, seguidos por mais R$ 7,0 bilhões em agosto até o momento. Apenas na semana de 15 a 21 de agosto, as compras líquidas somaram R$ 4,3 bilhões.
O Morgan Stanley destaca que um possível pouso suave na economia dos Estados Unidos pode atrair ainda mais capital estrangeiro para o mercado de ações brasileiro. A equipe de economia global do banco prevê que o Federal Reserve (Fed) dos EUA possa iniciar um ciclo de corte de juros em setembro, conforme indicado nas atas do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) divulgadas em 21 de agosto. Essa expectativa influenciou o mercado de taxas futuras e contribuiu para o aumento do fluxo de capital estrangeiro para o Brasil.
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Atualmente, o Brasil representa a maior posição overweight (exposição acima da média) nos portfólios de investidores de mercados emergentes globais (GEM), à medida que esses investidores realocam seus recursos, diminuindo suas exposições em países como China e México. O Brasil tem uma posição overweight de aproximadamente 2 pontos percentuais, a maior entre os países emergentes.
O México, que anteriormente ocupava a segunda maior alocação nos fundos GEM, perdeu essa posição para a Coreia do Sul no final de junho. O Morgan Stanley rebaixou a classificação do México para underweight (exposição abaixo da média) tanto no contexto da América Latina quanto nos mercados emergentes. O banco justifica essa decisão pela proposta de reforma judicial do governo mexicano, que aumentou os riscos para o país e limitou os investimentos em capital (capex).
O banco também destaca que as ações brasileiras continuam com uma avaliação (valuation) atraente. O Brasil negocia a 8,9 vezes os lucros futuros consensuais, um valor -1,2 desvio-padrão abaixo da média histórica de 14 anos, que é de 11,7 vezes. Já o setor doméstico negocia a 10,8 vezes os lucros futuros, ou -0,9 desvio-padrão abaixo da média histórica de 12,6 vezes.
A Genial Investimentos analisou que, entre 15 e 21 de agosto, o mercado de ações brasileiro registrou uma entrada de capital estrangeiro que reduziu a saída acumulada no ano para R$ 29,9 bilhões. Esse movimento foi influenciado pela expectativa de queda dos juros nos EUA e pela redução dos ruídos em relação à política fiscal no Brasil. Em contrapartida, investidores institucionais e pessoas físicas apresentaram saídas líquidas de R$ 4,4 bilhões e R$ 2,1 bilhões, respectivamente, no período.
O saldo anual para investidores institucionais mostra uma saída de R$ 16,3 bilhões, com um acumulado negativo de R$ 11,4 bilhões em agosto. Para investidores pessoas físicas, o saldo acumulado no ano é positivo em R$ 20,3 bilhões, apesar de uma saída de R$ 3,2 bilhões em agosto. Se confirmada, essa saída de capital por parte dos investidores pessoa física seria a primeira desde dezembro do ano anterior, enquanto a bolsa brasileira busca alcançar sua máxima histórica.
Redação com informações do InfoMoney