Lavanda, café, laranja, cedro… Não se surpreenda se ao ler essas palavras, você perceber um aroma no ar. É que o olfato é um dos nossos sentidos mais aguçados e que carregam mais memórias adormecidas. Os cheiros são capazes de transmitir diferentes sensações de aconchego, tranquilidade, revigoramento e frescor. E por isso estão sendo cada vez mais usados na ambientação dos projetos imobiliários de alto luxo.
“É o que chamamos de assinatura olfativa que, dependendo da família, pode ser floral, amadeirada, refrescante ou oriental”, explica o arquiteto Ricardo Nogueira, dirigente de um escritório especializado com 18 anos de atuação no mercado de imóveis de luxo. “Quem investe neste segmento quer, além de tecnologia, exclusividade e ineditismo. E a aromatização dos ambientes trilha essa linha. Para atuar nesse segmento é preciso investir na escassez e na inovação. O produto que vendemos hoje só estará pronto em 4 ou 5 anos e é fundamental estar atualizado com os avanços tecnológicos, com as legislações e, principalmente, com a evolução dos comportamentos, da cultura e da religião”, revela Ricardo.
Pandemia e delivery
Como exemplo, Ricardo relembra dois episódios que mudaram os projetos arquitetônicos de forma definitiva. Em 2018, com o avanço nas compras online, percebeu-se a necessidade de criar locais de armazenamento das encomendas, que se amontavam nas portarias dos condomínios. Daí surgiram as centrais de delivery. Já a pandemia da Covid-19 fez aflorar os minimercados internos, para compras de emergência, e os banheiros de serviço, usados pelos trabalhadores do próprio condomínio ou dos moradores.
Além de dinâmico e desafiador, esse é um mercado em franco crescimento. O escritório chefiado por Ricardo Nogueira já criou 10 empreendimentos de alto padrão na Paraíba, sendo que dois deles no último ano, com 85% das unidades comercializadas antes do início das obras. São imóveis de alta metragem (de 200 a 250 m²), preço acima dos R$ 3 milhões, arrojo arquitetônico e exclusividade. “Um empreendimento de alto padrão precisa ter localização excepcional, garantia de mobilidade, construção peculiar e equipamentos exclusivos. Não é em qualquer condomínio que você vai encontrar, por exemplo, uma quadra de squash ou uma capela. E a construção peculiar pode ser traduzida em grandes janelas, pé direito alto e eficiência acústica”, explica o arquiteto. Segundo Ricardo, cerca de 45% dos compradores são de outros estados do Brasil como Goiás, Mato Grosso, Pará e Paraná.
O futuro
Para um futuro bem próximo, ele aposta na tendência da “hotelização” dos residenciais, com serviços típicos de hospedarias, como segurança, limpeza e lavanderias. “As famílias estão cada vez menores. Na Paraíba, temos 2,8 habitantes por residência, com uma média de 1 filho por casal, o que reduz, por exemplo, a demanda por empregados domésticos. Em compensação, os animais de estimação ganham cada vez mais espaço e os projetistas precisam olhar para essa demanda”, acredita. Outro aspecto que surge no horizonte é a associação dos empreendimentos à grandes marcas de outros setores, em especial, o automobilístico e o da moda. “Em várias partes do mundo, já existem imóveis com chancela de nomes como Porshe e Armani”, afirma Nogueira.