Estudo aponta que 1% mais rico aumentou fortuna em R$ 226 trilhões em 10 anos

Brasil, que detém a presidência anual do G20, fez do imposto global sobre os bilionários uma das suas prioridades

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O bilionário francês Bernard Arnault, e sua mulher, a pianista francesa Helene Mercier-Arnault, chegam para participar de um banquete no Palácio de Versalhes — Foto: Ludovic Marin/AFP

O 1% mais rico da população do planeta aumentou a sua fortuna em 42 bilhões de dólares (cerca de R$ 226 bilhões) em dez anos, com a sua taxa de impostos estando mais baixa do que nunca, disse a Oxfam nesta quinta-feira, 25, antes de uma reunião do G20 que irá discutir um imposto global sobre os multimilionários.

A agenda da reunião de dois dias inclui a proposta de um imposto global sobre os super-ricos, defendida por Brasil, Colômbia, Espanha, França, África do Sul e União Africana, mas rejeitada pelos Estados Unidos. O Brasil, que detém a presidência anual do G20, fez do imposto global sobre os bilionários uma das suas prioridades.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que “os super-ricos pagam proporcionalmente muito menos em impostos do que a classe trabalhadora”. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia afirmado em fevereiro que, “apesar dos recentes avanços, é inquestionável que os multimilionários do mundo continuam a fugir aos nossos sistemas fiscais através de uma série de estratégias”.

Layla Yakoub, chefe da campanha “Justiça Fiscal e Desigualdades” da Oxfam na França, citada no comunicado, defende que “a dinâmica de aumento dos impostos sobre os ultra-ricos é inegável” e que “esta semana é o primeiro verdadeiro teste decisivo para os governos do G20″ sobre esse tema.

Mas ela questiona se os governos terão “a vontade política para estabelecer um padrão global que priorize as necessidades da maioria em detrimento da sede de lucro de uma minoria de elite de bilionários”.

Segundo a ONG, “a parcela do rendimento do 1% mais rico nos países do G20 aumentou 45% nas últimas quatro décadas, enquanto as taxas de imposto mais elevadas sobre o seu rendimento foram reduzidas em aproximadamente um terço”.

“À escala global, a taxa de imposto dos multimilionários equivale a menos de 0,5% da sua riqueza”, acrescenta, com base em dados do Observatório Fiscal da União Europeia. “As suas fortunas cresceram em média 7,1% ao ano nas últimas quatro décadas e seria necessário um imposto anual sobre a riqueza líquida de pelo menos 8% para reduzir a riqueza extrema dos multimilionários”, destaca.

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