
Membros da equipe econômica do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que toma posse no dia 20, estão discutindo a possibilidade de aumentar gradualmente as tarifas sobre importações mês a mês, uma abordagem que visa a ampliar o poder de negociação enquanto evita um aumento repentino da inflação, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.
Uma ideia envolve um cronograma de tarifas progressivas, aumentando cerca de 2% a 5% por mês, utilizando poderes executivos conferidos pela Lei Internacional de Poderes Econômicos de Emergência, segundo as fontes ouvidas pela agência Bloomberg.
A proposta ainda está em estágios iniciais e ainda não foi apresentada a Trump, disseram as fontes — um sinal de que essa abordagem gradativa está apenas começando a ser debatida.
Os assessores envolvidos no plano incluem Scott Bessent, indicado para secretário do Tesouro, Kevin Hassett, futuro diretor do Conselho Econômico Nacional, e Stephen Miran, nomeado para liderar o Conselho de Assessores Econômicos, disseram as fontes, que pediram anonimato para discutir deliberações internas.
Hassett não respondeu a pedidos de comentário, assim como um porta-voz de Bessent. Miran se recusou a comentar.
Um porta-voz da equipe de transição de Trump remeteu às declarações públicas e publicações anteriores do presidente eleito nas redes sociais sobre tarifas.
O yuan da China e moedas sensíveis à sua economia, como os dólares australiano e neozelandês, ganharam força após o relatório. O yuan no mercado offshore subiu 0,1% nas negociações na Ásia nesta terça-feira, enquanto o dólar australiano avançou 0,3%.
A China tem intensificado o suporte ao yuan, que permanece próximo a uma baixa recorde no mercado offshore. Ainda assim, os investidores esperam que Pequim eventualmente permita uma desvalorização caso Trump imponha tarifas mais altas sobre as exportações chinesas.
Tarifas Universais
Durante a campanha presidencial de 2024, Trump sugeriu tarifas mínimas de 10% a 20% sobre todos os bens importados, e de 60% ou mais sobre produtos chineses.
Desde sua vitória em novembro, surgiram múltiplos relatórios sobre a agressividade com que ele implementará tarifas — com o próprio Trump chamando um dos relatos sobre uma aplicação moderada de falso.
A incerteza está deixando investidores e empresas em dúvida. O índice S&P 500 caiu na segunda-feira para um nível abaixo do registrado em 5 de novembro, pouco antes da eleição de Trump, mas se recuperou mais tarde no mesmo dia.
Recentemente, investidores têm vendido títulos do Tesouro dos EUA, com temores crescentes de que a inflação permaneça alta em parte devido às novas tarifas, criando um obstáculo para ações e a economia em geral.
Com apenas uma semana até o Dia da Posse, economistas só podem especular sobre como as guerras comerciais de Trump influenciarão a economia. Isso cria um cenário complicado para o Federal Reserve, pois as ameaças tarifárias de Trump são vistas como um risco para o crescimento econômico, ao mesmo tempo em que podem estimular a inflação caso outros países reajam.
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, afirmou que as ameaças tarifárias já estão elevando os custos de empréstimos de longo prazo ao redor do mundo.
A incerteza sobre as políticas comerciais do próximo governo está aumentando os ventos contrários para a economia global e “se reflete globalmente por meio de taxas de juros de longo prazo mais altas”, disse ela a jornalistas em Washington na sexta-feira.
Isso está acontecendo mesmo enquanto as taxas de curto prazo têm caído, uma combinação “muito incomum”, ela acrescentou.