A decisão do presidente dos EUA, Joe Biden, de não se candidatar à reeleição trouxe incertezas aos mercados. Esta decisão inédita em 56 anos abalou o mercado financeiro global, impactando também o mercado brasileiro.
Não é aconselhável que investidores tomem decisões com base em notícias de eventos circunstanciais, mas é crucial entender o cenário. A maior economia do mundo influencia todos nós.
Impacto no Mercado Financeiro Global
Após o anúncio da desistência de Biden, os mercados asiáticos, já em funcionamento, apresentaram forte volatilidade. Os demais mercados também reagiram com inquietação enquanto analistas buscavam mais detalhes sobre as implicações da saída de Biden e as substituições prováveis por Kamala Harris.
Movimentos são normais quando questões relevantes como políticas fiscais e mudanças regulatórias estão em debate entre democratas e republicanos. A incerteza quanto às eleições dificulta a projeção de tendências pelos investidores.
Macroeconomicamente, a intensa agenda de dados desta semana, especialmente os de crescimento dos EUA, sugere que o FED poderá cortar as taxas de juros duas vezes até o final do ano, o que pode atenuar o sentimento de alto risco globalmente.
Por enquanto, a espera faz com que os investidores busquem a segurança de ativos de menor risco, impactando as bolsas mundialmente.
Agendas Diferentes Dificultam a Análise de Tendências
Democratas e Republicanos têm abordagens distintas sobre as medidas para colocar a economia norte-americana nos trilhos. Ambos enfrentam uma questão fiscal desafiadora, com níveis de incerteza que elevam os juros longos dos títulos americanos.
Os Estados Unidos gastaram muito com juros de sua dívida, e o mercado vê urgência no corte de juros. No entanto, os democratas focam no aumento de gastos com políticas sociais, enquanto os republicanos defendem cortes de impostos. Ambas as abordagens mantêm o risco inflacionário.
Agenda Democrata
Kamala Harris é vista como a sucessora viável, especialmente devido à transferência dos recursos de campanha já arrecadados. Independentemente de quem assuma a candidatura, a direção política do partido deve permanecer inalterada, centrada em programas sociais expansivos e impostos mais altos sobre corporações e grandes fortunas.
Agenda Republicana
Donald Trump apoia a indústria de combustíveis fósseis e sinaliza cortes de impostos corporativos e desregulamentação, beneficiando bancos regionais e criando um cenário negativo para big techs. A regulação do comércio com a China e a moderação de conteúdo também são esperadas.
A ideia não é fazer uma análise política, mas ajudar o investidor a entender a dificuldade dos analistas em precificar ações no cenário atual. Ambas as abordagens são muito diferentes, e as questões fiscais não são detalhadas nos discursos de campanha, tornando as previsões ou decisões de investimento mais difíceis.
Implicações no Mercado de Capitais
O mercado ainda precifica uma possível vitória de Trump com cautela, pois, independentemente do vencedor, a questão fiscal é a maior preocupação. As implicações variam com a possibilidade de um governo unificado dos democratas ou um Congresso dividido.
Uma vitória democrática completa pode levar a investimentos substanciais em programas sociais e infraestrutura, beneficiando setores como energia verde e saúde. Se os republicanos conquistarem a Câmara e o Senado, as políticas de Trump prevalecerão no âmbito fiscal. Um Congresso dividido poderá limitar novas políticas, mas acordos bipartidários são possíveis.
Economia Global
A economia global enfrenta novas incertezas, com riscos geopolíticos potencialmente intensificando a volatilidade do mercado antes das eleições presidenciais. China, Rússia e Coreia do Norte podem aproveitar a situação para provocações, aumentando a instabilidade.
O cenário indefinido dificulta a formulação de políticas nos principais bancos centrais, que devem tomar decisões delicadas com base na inflação e nas condições econômicas.
Reflexos no Brasil
A mudança no boato das eleições nos EUA reverbera nos mercados emergentes, como o brasileiro, impondo maior volatilidade. Questões geopolíticas de magnitude de uma eleição presidencial na maior economia do mundo afetam a confiança dos investidores, que migram recursos para ativos de menor risco ou podem significar uma fuga de capitais na nossa bolsa de valores.
Mudanças na política externa dos EUA podem afetar as relações comerciais, sendo uma variável relevante para o nosso mercado.
O que Muda para o Pequeno Investidor?
Analisar tendências é importante, mas as decisões de investimento devem se basear em fundamentos econômicos, e não em eventos transitórios como eleições. A consistência do plano de cada investidor é o que importa a longo prazo.
A frase de Scott Sagan, professor em Stanford, resume bem: “A história nos ajuda a calibrar expectativas, estudar onde as pessoas tendem a errar e oferece um guia aproximado do que tende a funcionar. Mas não é, de forma alguma, um mapa do futuro”.
Seu Foco Precisa Estar naquilo que Você Controla
Saber quem será o próximo presidente dos EUA não muda sua vida como investidor. A dinâmica política está fora do nosso controle. Suas escolhas financeiras devem estar embasadas nos fundamentos da economia, que sempre prevalecem.
Somente com um plano financeiro personalizado, você poderá tomar decisões alinhadas com seus objetivos. Análises de tendências serão úteis, mas as decisões devem seguir seu plano, não os acontecimentos.
Fonte: Forbes Brasil