Os preços do café continuarão a subir até meados de 2025 devido à escassez de oferta nos principais países produtores, e os consumidores europeus pagarão ainda mais por suas doses de cafeína em função das novas regras sobre desmatamento, de acordo com o chairman do fabricante italiano de café Luigi Lavazza.
Com a expectativa de outro déficit de produção no Vietnã, o maior produtor mundial da variedade robusta, o aumento do preço desta variedade, muito usada na fabricação de café solúvel e misturas para espresso, está sendo impulsionado, afirmou Giuseppe Lavazza, presidente do conselho do grupo, em entrevista à Bloomberg News.
A safra deste ano, considerada aquém das expectativas, fez com que as torrefadoras pagassem até US$ 1.000 por tonelada acima dos futuros grãos do Vietnã, acrescentou.
“Nunca vimos algo assim na história da nossa indústria”, disse Lavazza. “E o que é muito especial é o efeito benéfico disso.”
Os futuros de café robusta em Londres subiram cerca de 60% neste ano e atingiram um novo recorde de US$ 4,667 a tonelada na terça-feira, 9.
As preocupações com a próxima safra se intensificaram depois que o tempo quente e seco em partes do Vietnã danificou os pés de café no início deste ano.
As principais regiões produtoras do Brasil também estão enfrentando o impacto do clima, o que elevou os preços do café arábica a um máximo de dois anos. As estimativas de safra do país foram revisadas para baixo.
Alguns produtores colheram grãos menores do que o normal devido às secas no final de 2023, que prejudicaram o desenvolvimento das plantações.
Os preços mais altos, combinados com o aumento dos custos de transporte global e um dólar mais forte, fizeram com que os custos da torrefadora italiana aumentassem em mais de 800 milhões de euros (US$ 865 milhões) nos últimos dois anos, acrescentou Lavazza.
A regulamentação contra o desmatamento na União Europeia entrará em vigor no final do ano, e “muitos compradores estão adquirindo café um pouco mais cedo”, disse Lavazza. Eles buscam atender à exigência de comprovar que suas redes de abastecimento não estão ligadas a terras desmatadas após 2020.
“Não há dúvida de que o café que as torrefadoras europeias vão comprar custará muito mais”, acrescentou. “As empresas do setor cafeeiro estão enfrentando ventos contrários muito fortes”.
Fonte: Boomberg