Aqueles que no passado recente não abraçaram ESG por uma visão limitada da sua importância, dizem agora, que a “moda passou”.
O que mais me impressiona é que os míopes de antes estão com um grau maior de miopia e precisam urgentemente de bons óculos que os façam enxergar o que está acontecendo no mundo e consequentemente, no mundo dos negócios.
O cenário empresarial global está passando por uma transformação profunda, e as práticas ESG estão no centro dessa mudança. No Brasil, onde as questões ambientais, sociais e de governança têm impactos diretos na economia e na reputação das empresas, a urgência para agir nunca foi tão clara. A adoção de práticas ESG deixou de ser uma opção para se tornar uma necessidade. As empresas que falharem em integrar esses pilares em suas operações estão claramente comprometendo o seu futuro.
Segundo estudo do Banco Mundial de 2021 a mudança climática custa 1,3% do Produto Interno Bruto a cada ano para as empresas brasileiras.
Do ponto de vista social, o cenário também exige ação. São Paulo, a maior cidade do país, possui mais de 100 mil pessoas em situação de rua.
Empresas que não enxergam o que está acontecendo à sua volta e não se comprometem com o desenvolvimento socioambiental das regiões onde operam estão cada vez mais sujeitas a boicotes e perdas de reputação. Um exemplo claro é o impacto das práticas ESG no consumo: uma pesquisa da Nielsen indicou que 73% dos consumidores globais preferem adquirir produtos de empresas que demonstram compromisso com causas sociais e ambientais.
As mudanças climáticas terão um impacto financeiro no mundo da ordem de US$ 38 trilhões por ano até 2049, de acordo com um estudo publicado em 17 de abril por pesquisadores do Instituto Potsdam de Pesquisa de Impacto Climático da Alemanha. O montante representa uma queda na renda global de cerca de 19% nos próximos 25 anos. É evidente que as empresas precisam agir, e agir agora.
No Brasil, os desastres climáticos já estão batendo à porta. As enchentes no Rio Grande do Sul e os incêndios devastadores em várias partes do país não são eventos isolados, mas sinais de que a mudança climática já está impactando diretamente a vida das pessoas e a economia. O setor privado não pode mais se dar ao luxo de adiar a implementação de práticas ESG. Além de ser uma resposta à pressão de consumidores e investidores, é uma questão de sobrevivência empresarial.
É preciso entender que a melhor forma de agir é em conjunto, as empresas podem compartilhar conhecimentos e recursos, promovendo iniciativas de impacto maior e mais eficiente. Parcerias entre setores industriais para desenvolver soluções tecnológicas para mitigação de carbono ou para a adaptação a eventos climáticos extremos. As empresas que assumirem a liderança na luta contra o aquecimento global e na restauração das perdas geradas por ele, certamente terão um futuro muito mais próspero do que aquelas que nada fazem.