Dólar cai 1,95% e bolsa brasileira avança em reação a indicações de corte de juros

Nos mercados de câmbio, a valorização do real e de outras moedas emergentes foi impulsionada pela perspectiva de uma política monetária mais acomodatícia nos EUA

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Dólar registra queda (Foto: Reprodução / Pexels)
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O dólar caiu 1,95% nessa sexta-feira, 23, encerrando a cotação em R$ 5,479, após o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), em Jackson Hole. Powell anunciou que é o momento de considerar cortes nas taxas de juros, o que gerou reações significativas no mercado, com a moeda americana recuando e a Bolsa brasileira avançando. A moeda americana iniciou a sessão com uma queda modesta de 0,45%, mas acelerou a perda após o discurso.

O evento anual de autoridades de bancos centrais, realizado em Jackson Hole, é um dos mais esperados pelos investidores, que aguardavam sinais sobre a política monetária americana. Powell destacou que os riscos crescentes para o mercado de trabalho e a inflação a caminho da meta de 2% justificam a necessidade de ajustar a política monetária.

“O discurso de Powell confirmou as apostas de que o Fed iniciará um ciclo de afrouxamento monetário na próxima reunião, movimento que os mercados aguardam há mais de um ano”, disse Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital. A expectativa de um “pouso suave” na economia americana contribuiu para a redução dos juros futuros e uma maior valorização das moedas emergentes, incluindo o real.

Além da queda do dólar, a Bolsa brasileira também registrou ganhos, avançando 0,32% e encerrando o dia aos 135.608 pontos. O otimismo no mercado acionário também foi alimentado pela perspectiva de políticas monetárias mais acomodatícias nos EUA.

Powell, que dirige o Fed, reiterou o objetivo do banco central americano de atingir um “pouso suave” na economia, mantendo a inflação perto da meta de 2% sem causar grandes danos ao mercado de trabalho. “Os riscos de alta para a inflação diminuíram e os riscos de queda para o emprego aumentaram”, disse Powell, sinalizando que a direção e o ritmo dos cortes nos juros dependerão dos dados econômicos futuros e das condições do mercado.

O discurso de Powell veio em linha com a ata da reunião de julho do Fed, que decidiu manter a taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,50%. A minuta da reunião indicou que a maioria dos diretores de Política Monetária está inclinada a um corte na taxa de juros a partir da reunião de setembro, caso os dados econômicos permaneçam dentro das expectativas.

A análise de Powell também destacou a necessidade de cautela ao não especificar a magnitude dos cortes, o que moderou as expectativas do mercado sobre uma redução mais agressiva, como um corte de 0,50 ponto percentual. “A necessidade de cautela é um reflexo dos dados econômicos mistos, como o esfriamento do mercado de trabalho e o consumo ainda resiliente”, comentou Yuri Alves, economista da Guide Investimentos.

Os investidores ajustaram suas apostas sobre os cortes de juros após o discurso, com 63,5% prevendo uma redução de 0,25 ponto percentual, em comparação com 73% no dia anterior. A possibilidade de um corte mais agressivo de 0,50 ponto percentual agora tem 36,5% de probabilidade, frente a 28% na quinta-feira.

Em Wall Street, o Dow Jones subiu 1,14%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq Composite avançaram 1,13% e 1,47%, respectivamente. A expectativa de juros mais baixos nos EUA também levou a uma queda nos rendimentos dos Treasuries e a um aumento do apetite por ativos de maior risco.

Nos mercados de câmbio, a valorização do real e de outras moedas emergentes foi impulsionada pela perspectiva de uma política monetária mais acomodatícia nos EUA. A moeda americana também caiu contra o peso mexicano, o peso colombiano e o rand sul-africano.

Na quinta-feira, o dólar havia subido 1,97% devido ao avanço dos rendimentos dos Treasuries e ruídos na comunicação de membros do Banco Central (BC), atingindo R$ 5,589, a maior alta desde 19 de abril de 2023. O Ibovespa, por sua vez, havia interrompido uma sequência de avanços e caído 0,95%, encerrando o dia com 135.173 pontos, após três pregões consecutivos de recordes.

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Redação
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